Terça-feira, 23 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 13 de março de 2019
O acidente vascular cerebral (AVC) e as doenças cardíacas estão matando menos as mulheres com idade entre 30 e 69 anos no país. Estudo do Ministério da Saúde mostra que no período de 2010 a 2016 a taxa de óbitos por AVC caiu 11% e por doenças cardíacas 6,2%.
Os dados do estudo Saúde Brasil 2018, divulgados nesta semana, registra que o índice para AVC caiu de 39,5 para 35,2 óbitos por 100 mil habitantes do sexo feminino. As doenças cardíacas apresentaram queda de 55 para 51,6 óbitos por 100 mil.
Apesar da queda, as duas doenças continuam sendo as que mais matam a população feminina entre 30 e 69 anos. As doenças cardíacas e o AVC são classificadas como doenças crônicas não-transmissíveis, sendo preveníveis. Esse grupo tem quatro fatores de risco em comum que são o tabagismo, a atividade física insuficiente, o uso nocivo do álcool e a falta de alimentação saudável.
No Brasil, as doenças crônicas não-transmissíveis corresponderam a 54% de todas as mortes, no ano de 2016. Na faixa etária de 30 a 69 anos, representaram 56,1% dos óbitos. O Ministério da Saúde tem um plano de ações estratégicas para o enfrentamento dessas doenças. O plano tem como uma das principais ações a expansão da Atenção Básica.
Jogo ajuda na reabilitação
Uma pesquisa desenvolvida pela Isabela Alves Marques e pela equipe de pesquisadores Gabriel Cyrino, Júlia Tannús e Leandro Mattioli, com orientação dos professores Eduardo Lázaro Martins Naves e Edgard Afonso Lamounier Júnior, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da Faculdade de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Uberlândia (Copel/Feelt/UFU), envolve a utilização de um jogo que foi desenvolvido no Laboratório de Computação Gráfica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
Ao todo serão feitas 16 sessões, com duração de 30 a 45 minutos, em que o paciente irá movimentar os braços conforme interage com o jogo.
Para participar é necessário que o paciente tenha espasticidade em algum dos braços – ou seja, uma rigidez que não permite o esticamento total após ter sofrido o AVC. Já pessoas que tenham aplicado botox – tipo de tratamento para espasticidade – ou com problemas de fala ou cognitivos não podem fazer parte do estudo.
Um dos pesquisadores do estudo, Gabriel Cyrino,contou um pouco mais sobre o trabalho desenvolvido. “Os jogos eram usados para diversão, mas com a mesclagem no âmbito fisioterapêutico conseguimos uma melhoria bastante interessante. Com os movimentos massantes que o paciente têm que fazer na fisioterapia, ele pode ter um desgaste maior ou desmotivar. Por isso, a gente decidiu desenvolver um jogo para auxiliar na reabilitação de membros superiores em pacientes que sofreram AVC”, explicou.
Porém, é importante lembrar que a equipe não aconselha aos pacientes que já fazem fisioterapia abandonem o tratamento.
“Ainda falamos em uma terapia complementar. Oferecemos a reabilitação com o jogo, mas se a pessoa já faz fisioterapia, não pedimos para interromper. Não podemos dizer para que o paciente pare tudo e teste apenas o nosso tratamento”, acrescentou Isabela.
Retorno e acessibilidade
Sobre o futuro do tratamento, Isabela e a equipe esperam que o mesmo ajude muitas pessoas e seja acessível a todos os públicos. Atualmente, o sensor utilizado para se jogar remotamente custa R$ 50. A ideia é que futuramente o jogo seja disponibilizado no site da UFU e a equipe médica acompanhe as ações dos pacientes em tempo real. Uma das alternativas é focar em parcerias.
No entanto, alguns passos ainda precisam ser dados antes de se chegar ao objetivo final. “Ainda temos que finalizar o trabalho, ver se realmente funciona e, ainda, se será viável”, pontuou a pesquisadora.
“Por ser da área da saúde, acredito que a pesquisa precisa levar benefícios para o público. Sempre quis fazer algo que pudesse ser palpável e oferecer benefícios. A pesquisa ao lado da população pode trazer sucesso”, afirmou Isabela, que está emocionada com os resultados do trabalho.