Sexta-feira, 06 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 1 de novembro de 2020
Uma caravana de apoiadores do presidente Donald Trump cercou um ônibus da campanha de Joe Biden que ia da cidade texana de San Antonio à capital do estado, Austin, na última sexta-feira (30), levando os democratas a cancelarem dois eventos. Na noite de sábado (31), Trump apoiou a ação ao postar um vídeo, que mostrava os carros forçando o ônibus a diminuir a velocidade ou mesmo parar no acostamento. O presidente e candidato à reeleição escreveu na postagem: “Eu amo o Texas”.
Postagens nas redes sociais de testemunhas e relatos de apoiadores mostravam os veículos na movimentada Interestadual 35. Em uma ocasião, os carros da caravana trumpista pararam na frente do ônibus e tentaram obrigá-lo também a parar no meio da rodovia. Katie Naranjo, presidente do Partido Democrata do Condado de Travis, tuitou que os apoiadores de Trump também “correram para o carro de uma pessoa, gritando palavrões e ameaças”. O ônibus levava funcionários da campanha, que notificaram as autoridades locais e receberam ajuda para chegar ao seu destino.
Por “cautela”, a campanha cancelou um evento agendado para a tarde de sexta em um estacionamento no centro de Austin. Um evento de campanha no subúrbio de Pflugerville também foi cancelado. De acordo como jornal Texas Tribune, o FBI, a polícia federal americana, está investigando o incidente.
Em resposta ao tuíte de apoio do presidente, o porta-voz de Biden, Bill Russo, citou um problema em um comício republicano em um aeroporto da Pensilvânia, no qual, sem ônibus para transportar apoiadores, muitos republicanos foram vistos andando pela estrada até seus carros estacionados a quilômetros de distância, sob temperaturas baixas: “Pela segunda vez em uma semana, sua campanha deixou seus apoiadores presos no frio, sem transporte, em um de seus comícios que aglomeram pessoas”, disse Russo no Twitter. “Talvez você devesse passar mais tempo preocupado com esses ônibus do que com os nossos”.
O Texas é um estado historicamente republicano, mas pesquisas recentes mostram que existem chances de os democratas vencerem no estado pela primeira vez desde 1976, quando Jimmy Carter foi eleito presidente.
Campanha
Os protestos antirracistas nos Estados Unidos estiveram em destaque durante toda a campanha presidencial. Enquanto Donald Trump defendeu uma plataforma de lei e ordem, seu adversário, Joe Biden, reforçou a agenda democrata sobre igualdade racial – e indicou uma mulher negra, Kamala Harris, como vice em sua chapa.
Um levantamento feito pelo instituto de pesquisa Pew Research Center, dos EUA, estima que cerca de 30 milhões de afro-americanos poderão votar nas eleições de 2020. O número é um recorde no país, onde o voto não é obrigatório, e representa cerca de 12,5% de todo o eleitorado.
Tradicionalmente, os negros americanos votam em candidatos democratas. Eles foram votos-chave, por exemplo, na reeleição de Barack Obama, em 2012. Nas últimas eleições, no entanto, com a menor participação dos últimos 20 anos, contribuíram para a derrota de Hillary Clinton.
Os Estados Unidos viveram, a partir de maio, uma onda de protestos antirracistas e contra a violência policial, liderados pelo movimento Black Lives Matter (vidas negras importam, do inglês). O estopim foi o caso de George Floyd, um ex-segurança negro que foi morto durante uma abordagem policial.
Alguns desses atos terminaram em episódios de violência com confrontos e saques. O mais recente aconteceu na Filadélfia, maior cidade da Pensilvânia, após a morte de um homem negro em uma ação policial. Muitos manifestantes acusam a polícia de racismo e brutalidade.