Quinta-feira, 08 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 22 de julho de 2022
Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) mostram que o câncer de fígado foi o sexto que mais causou a morte de homens no Brasil em 2020. Em mulheres, ficou em sétimo. Para especialistas, o tumor é um dos mais perigosos por ter poucos sintomas na fase inicial. Alguns perfis de pacientes devem fazer monitoramento periódico.
— Costumamos dizer que o fígado é traiçoeiro porque não causa sintoma. Essa é a grande discussão e a grande problemática do órgão. Quando os sintomas do câncer aparecem , já está em uma fase mais tardia — diz o cirurgião de fígado e pâncreas Ben-Hur Ferraz Neto, livre-docente pela Universidade de São Paulo.
Os principais sintomas da doença são dor e inchaço abdominal, perda de peso inexplicada e icterícia (tonalidade amarelada na pele e nos olhos). Quando esses sinais aparecem , o câncer já está avançado.
O câncer de fígado pode ser de dois tipos: primário, quando começa no próprio órgão; ou secundário, quando tem origem em outro órgão e a metástase atinge o fígado.
Entre os tumores primários, o mais comum é o hepatocarcinom a. Esse tipo de câncer aparece principalmente em pacientes com doença crônica no fígado, como cirrose e esteatohepatite. Por isso, segundo Ferraz Neto, pessoas com problema crônico no órgão devem ser avaliadas no máximo a cada seis meses.
—Se a doença for diagnosticada precocemente, existe a possibilidade de realizar um tratamento curativo em mais de 90% dos casos. Na fase avançada, a chance de cura é praticamente nula — explica o médico.
As avaliações de rotina desse grupo de risco incluem exames de sangue com provas de função do fígado, rastreio de um tipo de marcador tumoral e um ultrassom de abdômen. Se esses exames trouxerem alguma alteração sugestiva, são necessários exames adicionais como tomografia, ressonância magnética e laparoscopia.
Em fase inicial, o tratamento é cirúrgico na grande maioria das vezes. Pode haver necessidade de retirar parte do fígado ou fazer um transplante. A chance de cura ultrapassa 90% . Em casos avançados, há tratamento, mas não cura. A sobrevida média é de 12 a 18 meses.
A melhor forma de prevenção desse câncer é justamente tomar medidas para evitar doenças crônicas do fígado, como controlar o peso, o colesterol e triglicérides, além de tratar o alcoolismo.
Cirrose e hepatite
Muitos pacientes que desenvolvem câncer de fígado são portadores de cirrose há alguns anos. Os médicos podem solicitar exames do fígado se um paciente com cirrose piorar, sem motivo aparente.
Para as pessoas com maior risco de câncer de fígado devido à cirrose ou à hepatite B crônica, alguns especialistas recomendam o rastreamento com exames de sangue com alfa-fetoproteína (AFP) e ultrassom a cada seis meses. Em alguns estudos, o rastreamento está associado a um aumento da sobrevida.
A AFP é uma proteína que pode estar aumentada em pacientes com câncer de fígado. Mas, esse não é um exame ideal para a detecção da doença. Muitos pacientes com câncer de fígado inicial apresentam níveis normais de AFP. Além disso, os níveis de AFP podem estar aumentados para outros tipos de câncer, bem como para algumas doenças hepáticas não malignas.