Terça-feira, 06 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 24 de novembro de 2022
No Brasil, especialmente o câncer de pâncreas tem avançado nos últimos anos, com a mudança de hábitos alimentares para os ultraprocessados.
Foto: ReproduçãoO risco de um homem brasileiro morrer por câncer de pâncreas mais do que dobrou nos últimos 25 anos. A taxa bruta de mortalidade, que inclui os efeitos do envelhecimento populacional, subiu de 2,4 (em cada 100 mil habitantes) para 5,7 nesse período. No caso do câncer de fígado, também houve alta acentuada: o índice passou de 2,8 para 5,9.
Diante desse cenário, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) incluiu, pela primeira vez, esses dois tipos na estimativa de incidência de câncer para os próximos anos. Os resultados ligam o alerta em relação a adoção de medidas para diagnóstico e prevenção, principalmente para homens. O País deve ter 704 mil novos casos de câncer por ano até 2025.
“O câncer de fígado e o câncer de pâncreas são dois tipos altamente letais. Isso significa que a incidência é muito parecida com a mortalidade”, explica Marianna Cancela, pesquisadora da Coordenação de Prevenção e Vigilância do Inca. Segundo ela, o instituto vinha acompanhando esse tipo de câncer principalmente pelas taxas de mortalidade, também chamadas de risco, ao longo dos últimos anos.
“A gente viu, então, um aumento bem pronunciado e, por essa razão, resolveu incluir nas estimativas de incidência”, aponta. Conforme o Inca, o câncer de fígado se relaciona principalmente com infecções hepáticas e doenças hepáticas crônicas. Já o câncer de pâncreas tem, entre os principais fatores de risco, o tabagismo e a obesidade – não à toa, é bastante prevalente em países desenvolvidos, como os Estados Unidos.
No Brasil, especialmente o câncer de pâncreas tem avançado nos últimos anos, com a mudança de hábitos alimentares da população – alimentos ultraprocessados ganharam espaço na mesa do brasileiro – e o aumento de índices de sedentarismo e de inatividade física.
Levantamento do Inca aponta que a taxa ajustada de mortalidade por câncer de pâncreas, que retira os efeitos do envelhecimento populacional, subiu 1,33% ao ano, para homens e mulheres, desde 1995. No caso do câncer de fígado, cresceu 1,14% ao ano para homens e, para mulheres, se manteve estável.
Detecção
“São dois tipos de câncer para os quais não existe detecção precoce, geralmente são diagnosticados em estágios avançados. Por isso também acabam sendo tão letais”, diz Marianna. Segundo ela, o câncer de pâncreas está em quinto lugar em mortalidade oncológica entre mulheres brasileiras, em números brutos. Nas regiões Sul e Sudeste, está em quarto.
No caso do câncer de fígado, a lógica de incidência no mapa do Brasil se inverte. “Nas regiões Norte e Nordeste, ele ocupa o 4º lugar em causa de morte”, aponta. A pesquisadora explica que os casos de câncer ligados a infecções, como de cólon de útero, são mais frequentes nesses locais. “Então, como o câncer de fígado está ligado às hepatites B e C, a gente acaba tendo maior incidência nessas regiões.”