Quarta-feira, 07 de maio de 2025

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Economia “Careca do INSS” repassou aos dirigentes do instituto mais de R$ 17 milhões

Compartilhe esta notícia:

Antônio Carlos Camilo Antunes é suspeito de ser o principal operador do esquema de fraudes contra aposentados. (Foto: Reprodução)

Um conjunto de cadernos grandes de brochura e capa dura apreendidos pela Polícia Federal (PF) está sendo tratado internamente pelos investigadores como a maior descoberta na primeira fase da operação sobre as fraudes bilionárias no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) – e uma espécie de mapa para chegar aos próximos níveis hierárquicos da quadrilha que roubava mensalmente uma parte da aposentadoria de milhões de brasileiros.

Encontrados no escritório brasiliense de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, os 20 cadernos eram preenchidos todo dia pela secretária dele e contêm um registro das atividades e das finanças do operador, que segundo a PF era quem pagava a propina das entidades que fraudaram as aposentadorias para os funcionários do INSS.

Detalhista, a secretária sempre anotava no alto das páginas a data e as porcentagens devidas a cada integrante do esquema. Graças a ela, a PF encontrou nos cadernos anotações como “Virgilio 5%” e “Stefa 5%”, que os agentes acreditam corresponder aos pagamentos feitos ao procurador-geral do INSS, Virgílio Oliveira Filho, e ao ex-presidente do instituto, Alessandro Stefanutto – ambos afastados pela Justiça na semana passada.

Segundo a PF, ex-diretores do INSS e pessoas relacionadas a eles receberam, ao todo, mais de R$ 17 milhões em transferências de indivíduos apontados como intermediários das associações, como o “Careca”.

Mas, embora já tenham sido encontradas evidências de que Virgílio ganhou de integrantes da quadrilha um carro de luxo que custa pelo menos meio milhão de reais, ainda não havia pistas de pagamentos de propina para Stefanutto.

Após a publicação da reportagem, a defesa de Stefanutto encaminhou uma nota na qual o ex-presidente do INSS afirma não manter “qualquer relação pessoal com o investigado Antônio Carlos Camilo Antunes”, o “Careca do INSS”, e que a anotação “apócrifa” dos percentuais “supostamente encontrada em cadernos atribuídos ao investigado não guarda qualquer conexão com fatos, valores ou atos praticados” por ele e “tampouco com decisões adotadas em sua gestão”.

O pedido de afastamento dele feito à Justiça teve como base uma série de despachos em que ele autorizou dezenas de milhares de descontos ilegais das aposentadorias, ignorando as recomendações dos técnicos e procuradores do instituto.

Com os cadernos, que também contêm nomes de empresas, datas de encontros e outros detalhes da atividade dos fraudadores, a PF espera não só desvendar até onde ia o envolvimento de Stefanutto com a quadrilha, como também saber quem mais pode ter recebido vantagens indevidas dos fraudadores.

Segundo a representação da polícia, só o “Careca do INSS” movimentou diretamente R$ 53,5 milhões provenientes de entidades sindicais e de empresas relacionadas às associações que fraudaram autorizações para descontar todo mês dos beneficiários valores que deveriam pagar por seguros e serviços aos aposentados – mas que eram desviados.

No total, a PF estima que a quadrilha tenha desviado R$ 6,3 bilhões de pelo menos 4 milhões de aposentados desde 2019.

De acordo com a PF, Antunes é dono de uma frota de 12 carros de luxo, como Porsche e BMW. Ele também tem imóveis em São Paulo e em Brasília, incluindo uma casa no Lago Sul, bairro nobre da capital federal — que ele teria comprado à vista, no valor de R$ 3,3 milhões, conforme documentos da investigação.

O empresário também consta como representante legal de uma firma sediada nas Ilhas Virgens Britânicas. “Trata-se, possivelmente, de uma offshore constituída por Antônio Carlos, a fim de blindar o patrimônio ilegítimo amealhado”, informou a polícia.

O “Careca do INSS” construiu o seu currículo profissional em torno de atuações na área da saúde. Na plataforma Linkedin, ele se apresenta apenas como diretor de uma das suas empresas de consultoria que representa uma companhia na área.

Antônio diz ter atuado durante nove anos representando a indústria farmacêutica no mercado de saúde suplementar e mercado público, além de dois anos à frente de um laboratório que fornecia medicamentos ao Ministério da Saúde.

Ele também diz ter sido superintendente comercial e de marketing de um plano de saúde. “Competência, dedicação e esforço organizado fazem parte do meu dia-a-dia”, informa. O homem também conta ter sido diretor comercial de um laboratório público estadual. Ele também se apresenta como ex-superintendente de marketing de uma empresa do setor de saúde.

Em um dos relatórios, os investigadores também destacam que ele é sócio de várias empresas de Sociedade de Propósito Específico (SPE), “as quais detêm personalidade jurídica própria, a fim de blindar os sócios controladores”. Todos os CNPJs desse tipo estão localizados em um mesmo endereço em Brasília, têm o mesmo telefone e cadastrada sob a mesma atividade: “compra e venda de imóveis próprios”.

Apesar do apelido de “Careca do INSS”, ele nunca foi servidor do órgão e constituiu a maior parte dessas empresas no mesmo período dos repasses advindos das entidades associativas e suas intermediárias, conforme os investigadores.

Os advogados de Antunes afirmam que ele é inocente e vai provar isso. “A defesa confia plenamente na apuração dos elementos constantes nos autos e na atuação das instituições do Estado Democrático de Direito. Ao longo do processo, a inocência de Antonio será devidamente comprovada”, diz a nota. As informações são do jornal O Globo.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Economia

Presidente do INSS diz que o ressarcimento de aposentados e pensionistas será feito “via benefício”
Fraude do INSS: sindicato de irmão de Lula não comprovou inscrição regular de aposentados, diz a Controladoria-Geral da União
https://www.osul.com.br/careca-do-inss-repassou-aos-dirigentes-do-instituto-mais-de-r-17-milhoes/ “Careca do INSS” repassou aos dirigentes do instituto mais de R$ 17 milhões 2025-05-06
Deixe seu comentário
Pode te interessar