Quarta-feira, 28 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 12 de abril de 2023
O Carrefour anunciou na última terça-feira (11), num fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que havia feito um acordo com o fundo Advent pelo qual reduzia em R$ 1 bilhão o preço de compra da rede de supermercados Big, fechada em junho passado por R$ 7,5 bilhões.
No comunicado não deu muitas pistas do que aconteceu de fato. Foi sucinto. Revelou apenas que a alteração do valor de venda do ativo ocorreu “em contrapartida à quitação de certas obrigações.”
O discreto fato relevante esconde uma discussão que opôs nos últimos meses o Carrefour e o fundo americano Advent, um dos maiores do planeta.
Dois meses depois da aquisição, o Carrefour descobriu o que considerou esqueletos no armário do Big. Ou seja, encontrou problemas nas áreas trabalhistas, tributárias e de crédito que foram camuflados na negociação para a venda do Big, de acordo com o que o Carrefour expôs ao Advent.
Na discussão foi usada a palavra fraude com todas as seis letras que a compõe.
De acordo com a empresa francesa, os esqueletos nestas três áreas somavam R$ 3 bilhões. Depois de uma negociação entre as partes, o valor final caiu para um terço desse total.
Acordo feito, o Advent concordou em devolver (junto com o Walmart) R$ 1 bilhão que já havia recebido pelo negócio.
A compra do Big foi anunciada em março de 2021 por 7,5 bilhões de reais, sendo 5,25 bilhões de reais em dinheiro e o resto em ações. O negócio, concluído em meados do ano passado, adicionou cerca de 370 lojas ao portfólio do grupo.
O Big era controlado pela Advent International Corporation, enquanto uma controlada do Walmart também era acionista.
O Carrefour Brasil disse ter recebido 350 milhões de reais na terça como parte da redução do valor da compra. Mais 550 milhões de reais, com ajustes pelo Certificado de Depósito Interbancário (CDI), e uma parcela variável de até 100 milhões de reais, de acordo com métrica a ser acordada entre as partes, serão pagos ao varejista até o fim de maio de 2024.
Quando foi comprado, o grupo Big era o terceiro maior varejista de alimentos do Brasil, com 387 lojas das bandeiras Big, Big Bompreço, Super Bompreço, Nacional, Todo Dia e Maxxi Atacado. Com a aquisição, o Carrefour consolidou sua posição de líder do segmento no País.