Segunda-feira, 19 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 6 de janeiro de 2020
Paulo Ceratti e Mariana Rosa reescrevem suas trajetórias profissionais com entusiasmo
Foto: DivulgaçãoPaulo Ceratti e Mariana Rosa reescrevem suas trajetórias profissionais com entusiasmo, depois de uma virada em suas vidas. Ele, publicitário, com atuação no segmento de marketing de varejo. Ela, estilista da indústria da moda. Casados, depois de residir em diversas capitais brasileiras e de uma vivência por alguns meses em Nova York, abandonaram tudo e partiram para as terras da família, em Uruguaiana, onde deram início à produção de queijos artesanais. Em três meses, a decisão vem se mostrando certeira. “Em Nova York, já víamos, há cinco anos, uma grande movimentação do campo para a cidade, com pessoas se deslocando em direção às diversas feiras livres que a cidade oferece, divulgando e comercializando suas marcas, seus produtos, alguns orgânicos, outros artesanais. Percebíamos que algo estava acontecendo neste cenário”, narra Mariana. Foi esta percepção, de valorização regional, seguida de descontentamentos com suas atividades e constantes mudanças de um lado para outro país afora, que impulsionou esta guinada.
Mariana recorda que a residência durante dois anos em Belo Horizonte agregou ensinamentos sobre a produção de queijos junto a produtores. Depois, com a mudança para São Paulo, a experiência ganhou maiores contornos através da A Queijaria, com sede na Vila Madalena, cujo proprietário “fomenta pequenos produtores, comercializando seus produtos”, como aponta Paulo, já com uma rede de cerca de 10 lojas espalhadas pelos principais mercados do país. “São queijos autorais, alguns cremosos, outros mais ácidos, outros mais duros, numa farta variedade”. É a Queijaria, inclusive, que presta consultoria ao casal, na elaboração de seus produtos e sonhos, que não param de crescer.
Distante cerca de 30 quilômetros do centro de Uruguaiana, a propriedade do casal é uma extensão do empreendimento da família de Paulo, criadores de gado na região, com foco na produção de leite. Lá, eles construíram a Canto e Mariana explica o porque do nome dado à queijaria. “Nós ficamos no canto do Rio Grande do Sul, no canto do Brasil, no canto do Pampa e é o canto que escolhemos para morar”.
A casa abriga uma sala de produção, mesas, formas, câmara fria projetada para uma temperatura entre 10 a 15 graus e entre 85 e 90 por cento de umidade. Segundo eles, estas são as condições ideias para um queijo de qualidade. Hoje, a produção chega a um mil litros/mês, que representam cerca de 120 quilos de queijo. “Temos muito para crescer”, enfatiza Paulo.
O diferencial da Canto Queijaria começa na própria ordenha, onde o leite cru segue por encanamento próprio para um tanque, com temperaturas entre 32 e 34 graus. A fermentação natural é a opção, com variações no tempo de maturação.
Com um investimento na ordem de 250 mil reais, a Canto produz seis tipos de queijos. O carro- chefe é o Aragano, nome do vento que sopra em algumas estações do ano na região. É um queijo que leva leite, coalho e sal, recebendo inúmeros mofos naturais durante o período de descanso na câmara fria, porém virado diversas vezes para um maior equilíbrio em textura e sabor. Outro, que vem atraindo adeptos da boa mesa, é lavado em uma solução de erva-mate, uma preferência dos gaúchos, quando se trata de hábitos e costumes. “Resulta em um queijo de cor verde por fora, que traz um leve amargor da erva, mas imensamente cremoso em seu interior. É um produto que impressiona”, diz Paulo. Com este foco, o casal vem construindo seu público cativo, principalmente restaurantes e chefs de cozinha em busca de produtos regionais, diferenciados e de qualidade, focados na culinária contemporânea.
Além dos planos de expansão na própria produção, o casal já visualiza num futuro próximo, ou seja, ainda para 2020, abrir a propriedade para visitação de turistas em busca de sabores da terra e de todo o entorno em tradições que o Rio Grande do Sul oferece, naquele canto do Estado. (Por Clarice Ledur)