Quarta-feira, 30 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 6 de setembro de 2023
A estratégia também teria o papel de tentar descolar a ex-primeira-dama do escândalo.
Foto: Isac Nóbrega/PRA defesa do entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro avalia mudar a estratégia sobre o silêncio que investigados no caso das joias adotaram na semana passada, no depoimento para a Polícia Federal (PF). A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o advogado e ex-secretário de comunicação da Presidência Fábio Wajngarten cogitam falar aos investigadores em uma nova oitiva.
Essa opção passou a ser defendida por parte da equipe que integra a defesa do ex-presidente, sob o argumento de que esse seria o caminho para esclarecer que ambos não teriam relação com o escândalo das joias. A estratégia também teria o papel de tentar descolar a ex-primeira-dama do escândalo.
Na quinta-feira passada (31), Jair Bolsonaro, Michelle, Wajngarten e o assessor Marcelo Câmara permaneceram em silêncio diante dos investigadores.
A justificativa apresentada foi a de que o caso deveria correr na Justiça Federal de Guarulhos (SP) e que eles só falariam se a investigação fosse remetida à essa instância.
Os advogados do ex-presidente sabem, porém, que a chance de o inquérito sair das mãos do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes é nula.
Prestaram depoimento na oportunidade:
* Jair Bolsonaro, ex-presidente;
* Michele Bolsonaro, ex-primeira-dama;
* Fabio Wajngarten, advogado de Bolsonaro e ex-secretário-executivo do Ministério das Comunicações;
* Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro;
* Marcelo Câmara, assessor especial de Bolsonaro e coronel da reserva do Exército;
* Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
* Mauro Cesar Lourena Cid, pai de Cid e general da reserva; e
* Osmar Crivelatti, assessor de Bolsonaro e tenente do Exército.
Wassef era o único depoente que não estava em Brasília. O depoimento dele foi feito por meio de videoconferência a partir da PF de São Paulo.
Bolsonaro é investigado pela PF em razão de kits de joias recebidos de presente da Arábia Saudita.
Os kits, compostos por artigos de luxo e milionários, não foram declarados como deveriam ter sido às autoridades de alfândega quando chegaram ao Brasil.
Além disso, as investigações apontam que pessoas próximas do presidente venderam as joias no exterior.
O Ministério Público (MP) que atua junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) pediu para a Corte determinar a devolução de todos os presentes recebidos por Jair Bolsonaro enquanto ocupava a Presidência da República. O pedido foi assinado pelo procurador Lucas Furtado.
Entre os itens listados que Bolsonaro deve devolver, segundo o procurador, estão:
* Miniatura de um capacete antigo de samurai, avaliado em R$ 20 mil, presenteado pelo então primeiro-ministro do Japão Shinzo Abe na posse de Bolsonaro;
* Quadro que mostra Jerusalém com o Templo de Salomão, avaliado em R$ 5 mil, dado pelo então primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu durante viagem oficial a Jerusalém em 31 de março de 2019;
* Vaso confeccionado em prata 925, avaliado em R$ 16,4 mil, presenteado ao ex-presidente pelo então presidente do Peru Martin Vizcarra Cornejo na posse em 2019;
* Pote de 6x6x3 cm, confeccionado em metal prateado polido, avaliado em R$ 13,3 mil, dado a Bolsonaro por Shinzo Abe na cerimônia de proclamação da entronização do Imperador do Japão, em 22 de outubro de 2019;
* Maquete do templo Taj Mahal confeccionada em mármore branco, avaliada em R$ 59,4 mil dada a Bolsonaro pelo presidente da Índia, Ram Nath Kovind, em viagem oficial a Nova Delhi em janeiro de 2020.
Lucas Furtado cita no documento o entendimento do TCU de que todos os presentes recebidos por presidentes devem ser incorporados ao acervo da União, a não ser itens excepcionalmente pessoais, como roupas.
“A jurisprudência desse tribunal, no que se refere aos presentes recebidos por presidentes da República, é a de que devem ser incorporados ao patrimônio da União todos os documentos bibliográficos e museológicos recebidos, bem assim todos os presentes recebidos”, afirmou o procurador.