Mundo China inicia a produção do caça “invisível”

Equipamento aéreo chinês tem padrão de sofisticação próximo ou igual ao do F-22 americano. (Crédito: Reprodução)

A Águia Negra foi vista pela primeira vez no fim de dezembro, um pouco distante da cidade onde nasceu, Chengdu, na região oeste da China. Era um dia de sol e de frio, com aproximadamente 13 graus. Uma aparição rápida, segundo o comando da aviação de Pequim, mas suficientemente longa para indicar aos analistas ocidentais que a Águia – ou o novo caça chinês J-20 – já está pronta para entrar em produção regular.

É uma máquina de guerra espetacular, desenvolvida em apenas cinco anos, a contar do voo do primeiro protótipo, em 2011. Um caça de quinta geração, invisível aos sistemas de detecção conhecidos – radar, feixe de laser, onda sônica – ao nível do modelo russo T-50 e “com grande possibilidade” de chegar ao padrão de sofisticação do F-22 Raptor, americano, muito avançado, de acordo com o relatório anual da Fundação Jamestown, de Washington, que analisa o balanço das relações militares dos EUA e demais potências.

Projeto ambicioso.

O projeto nasceu ambicioso, no final dos anos 1990. Sabe-se pouco sobre ele. As especificações iniciais citam velocidade máxima na notável faixa dos 3 mil quilômetros por hora, com capacidade para manter durante longo período o deslocamento supersônico, a 2,4 mil quilômetros por hora e altitude de 20 mil metros. O modelo visto em dezembro é o nono construído, e provavelmente a unidade de pré-série.

A aeronave incorpora várias soluções aerodinâmicas e revela que os sistemas de armas, cerca de sete toneladas de mísseis e de bombas inteligentes, mais o canhão de 23 milímetros, estão todos instalados em compartimentos internos. As câmaras se abrem no momento do lançamento, reduzindo o sinal eletrônico do jato.

Os recursos de furtividade parecem produzir bom resultado. Há três anos, protótipos decolam equipados com um dispositivo que emite um sinal expandido, destinado a revelar a presença e a posição do J-20. O projeto, entretanto, enfrenta problemas. A China não tem ainda o motor adequado ao caça e usa turbinas russas AL-31F.

Desde 1997, a indústria trabalha no desenvolvimento de um conjunto próprio, de alta potência, o WS-15, que deve gerar até 18,5 toneladas de empuxo. A estimativa é de que a meta seja atingida em 2017.

Tecnologia russa.

Uma manobra intermediária pode estar em curso. Recentemente, os governos da China e da Rússia anunciaram negociações para o fornecimento de um lote de 24 a 36 caças Sukhoi-35S, os mais modernos do arsenal russo. Os aviões serão entregues com motores Saturno AL-41F15, de última geração. O contrato prevê acesso à tecnologia dos propulsores, o que pode acelerar o projeto local.

Nos EUA, o advento do caça chinês despertou atenção. O Pentágono, no Relatório Anual ao Congresso, define o J-20 como “eficiente plataforma de longo alcance”. Para o analista privado Loren Thompson, “o maior risco está na capacidade [do J-20] de atacar furtivamente objetivos em alto-mar, a grande distância”, referência às flotilhas navais lideradas pelos porta-aviões nucleares americanos. (AE)

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