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Por Redação O Sul | 4 de setembro de 2018
A chuva que caiu na madrugada desta terça-feira (04) ajudou a apagar alguns focos de incêndio no Museu Nacional, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Ainda assim, alguns deles voltaram a aparecer pela manhã, e os bombeiros retomaram o trabalho de rescaldo.
A Polícia Civil e a Guarda Municipal determinaram um perímetro de segurança ao redor do Museu Nacional. Ainda existe a possibilidade de itens de valor estarem dentro do prédio atingido pelas chamas.
A Defesa Civil do Rio de Janeiro informou na segunda-feira (03) que o local está interditado. Técnicos do órgão identificaram que “existe um grande risco de desabamento, que pode ocorrer com a queda de trechos remanescentes de laje, parte do telhado que caiu e paredes divisórias do prédio”. Na área externa, no entanto, a avaliação destaca que “devido à espessura das fachadas, não há risco iminente”.
Mesmo assim, na parte externa “foram constatados problemas pontuais, como queda de revestimento, adornos e materiais decorativos [estátuas], fazendo com que a área de projeção das fachadas também permaneça isolada”.
Incêndio
O Museu Nacional foi destruído por um incêndio na noite de domingo (02). A vice-diretora da instituição, Cristiana Serejo, afirmou que apenas 10% do acervo não foi consumido pelas chamas.
Ela disse ainda que o detector de fumaça do museu não estava funcionando e que serão necessários, a princípio, R$ 15 milhões para a recuperação do local. “Houve o contingenciamento de um terço do valor de R$ 514 mil. Este ano recebemos R$ 240 mil, o que é pouco”, afirmou Cristiana, em frente ao Museu Nacional.
Segundo a vice-diretora, foram preservados: meteorito Bendegó; parte da coleção de zoologia; biblioteca central do museu, outros minerais e algumas cerâmicas; herbário; departamento de zoologia de vertebrados. Foram destruídos: tudo que estava no prédio principal, exceto meteoritos; acervo mobiliário do 1º reinado; peças herdadas da família imperial.
Unesco
A Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação e Cultura) considerou que o incêndio que destruiu o Museu Nacional foi uma grande perda para o Brasil e para a humanidade. A tragédia foi comparada pelo chefe do setor de museus da entidade, Ieng Srong, à destruição das ruínas da cidade de Palmira, na Síria, pelos terroristas do EI (Estado Islâmico).
Palmira, no Leste do país, foi alvo de sucessivos ataques que destruíram parte significativa de suas monumentais ruínas entre 2015 e 2016. As ruínas são consideradas Patrimônio Mundial da Unesco. Os terroristas explodiram o templo de Baalshamin, que começou a ser construído no ano 17 e que, posteriormente, foi ampliado pelo imperador romano Adriano em 130, e o templo de Bel, considerado o mais importante do conjunto arqueológico de Palmira.
A Unesco afirmou ainda que está “à disposição das autoridades brasileiras para mobilizar toda a sua experiência” após o incêndio. A diretora-geral da Unesco expressou em um comunicado sua “solidariedade ao povo brasileiro diante desta perda da herança cultural incalculável para o conjunto da humanidade”. “Este museu universitário era também um símbolo da intensidade dos vínculos entre a cultura e a pesquisa e da memória brasileira”, ressaltou Azoulay.