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Mundo Cidadãos do Reino Unido que vivem em outros países correm para tentar obter passaportes europeus e manter direitos

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O número de britânicos que pedem a naturalização na França cresceu 254%. (Foto: Reprodução)

Na vida do britânico Paul-Johnson Ferguson e da alemã Barbara, sua mulher, o início das negociações políticas para o divórcio entre o Reino Unido e a União Europeia coincidiu, na última semana, com uma decisão radical: solicitar nacionalidade francesa. Radicado na França há 25 anos, onde viveu metade de sua vida e viu nascerem as três filhas, Amelie, Cécilia e Lydia, o consultor estratégico da área de finanças decidiu que é tempo de reconhecer que sua vida hoje tem mais a ver com seu país de adoção do que com sua terra natal.

Desde que a população do Reino Unido aprovou o divórcio entre Londres e Bruxelas, em junho de 2016, o número de britânicos como Ferguson, que pedem a naturalização na França, cresceu 254% em relação ao ano anterior. E a demanda não é a maior do continente. Os pedidos de passaporte da UE se multiplicam também na Alemanha, com 361% mais pedidos, na Espanha, com 431% a mais em janeiro, e sobretudo na Irlanda, onde as autoridades esperam que mais de um milhão de britânicos solicitem a nacionalidade em 2017, após mais de 700 mil no ano passado. No sentido inverso, de europeus do continente que vivem no Reino Unido, a demanda também aumentou, mas na ordem de 30% a 35%.

Como Ferguson, a maior parte dos britânicos que têm buscado o passaporte europeu se preocupa com três fatores: garantir a permanência em seus países de adoção, evitar perder o tempo de contribuição para aposentadoria e garantir o direito de acesso ao plano de saúde local.

“Com minha mulher alemã, entregamos nosso pedido de nacionalidade francesa na última semana. Isso toma tempo, exige muitos documentos, mas conseguimos completar nosso pedido”, conta o consultor, que vive em Maison Laffitte, a 50 minutos do centro de Paris.

Antes do Brexit, o prazo de resposta para os pedidos era de 12 meses em sua região, mas hoje está em 18. “Eles me disseram que a demanda é muito grande e, por isso, o prazo de análise é maior. Muitos de meus amigos, de minha geração, também estão pedindo a nacionalidade.”

Os pretendentes têm um perfil semelhante: são britânicos que foram morar na França e em outros países do continente há 15 ou 20 anos, que têm carreiras nos países de adoção, e a possibilidade de solicitar a dupla nacionalidade – exceção feita à Espanha, que exige uma escolha entre os dois passaportes.

“A União Europeia é um ideal que tem seus problemas práticos, mas criou condições para a paz nos últimos 70 anos. É preciso reformá-la, mas não abandoná-la. O Brexit é uma aberração”, justifica Ferguson, ainda indignado com a escolha de 51,9% de seus compatriotas.

A busca de passaportes europeus se intensificou nos últimos meses depois que a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, decidiu pelo chamado “Brexit duro”, ou seja, negociações que podem terminar com um divórcio pouco amigável. A política hesitante da premiê conservadora (mais informações nesta página) é um dos motivos pelos quais as escocesas Kate Douglas, de 67 anos, e Alisson Turriff, de 59, moradoras das regiões de Charente e Dordogne, decidiram viver para sempre na França, com a nacionalidade francesa.

Educadora aposentada, Kate foi vereadora na pequena cidade de Combiers – mesmo sendo estrangeira – e hoje trabalha na restauração de uma igreja medieval. “Vou começar meu procedimento em breve. Era necessário buscar todos os documentos, certidões de nascimento, casamento, documentos dos pais, cônjuge, renda, realizar a entrevista. Ainda não tenho tudo”, conta a escocesa. “Quero poder permanecer na França em definitivo em razão da situação do Reino Unido. Não tenho mais família e, salvo alguns amigos, não tenho contatos lá.”

Professora de inglês radicada na França há oito anos, Alisson começou seu pedido de nacionalidade em março. Ela não só busca o passaporte europeu, como também torce para que a Escócia decida pela independência do Reino Unido, se separe da Inglaterra e fique na UE.

“Para mim, não é justo o que está acontecendo. Os escoceses votaram para permanecer na Europa”, afirma. “Tive duas entrevistas e meu dossiê foi aceito. Tenho de esperar até janeiro para me tornar francesa. Meu marido é escocês e também pensa em pedir a nacionalidade depois de mim.”

Radicado em Aix-en-Provence, John Lander, de 44 anos, é outro exemplo de decepção provocada pelo Brexit. Há 15 anos no país, o ex-violinista profissional e hoje fotógrafo independente de moda vive entre o sul da França e Paris e ainda não sente os efeitos da ruptura entre Londres e Bruxelas.

Decepcionado pelo que o Brexit representa – fechamento de fronteiras e o recolhimento do país –, Lander quer a naturalização na França ou na Irlanda, terra de seu pai. “Meu único sentimento é lamentar quando as pessoas começam a pensar em fechar portas em lugar de abri-las”, disse. “Adoro a França. Sou fascinado pelos franceses. Como estrangeiro, tenho uma grande vantagem: a de escolher a minha identidade.” (AE)

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