Sábado, 10 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 14 de junho de 2019
A exemplo do que aconteceu em cidades de 25 Estados brasileiros, nessa sexta-feira o Rio Grande do Sul foi palco de uma série de protestos contra o projeto de reforma da Previdência, plano de privatizações do governo gaúcho e outras pautas. A mobilização, em Porto Alegre e no interior, fez parte de uma greve geral convocada por sindicatos e outras entidades contrárias à proposta do governo federal que tramita no Congresso Nacional.
Na capital gaúcha, o transporte coletivo foi operado normalmente ao longo do dia, apesar de algumas interrupções em ônibus e trens no início da manhã e de transtornos ao trânsito no final da tarde e início da manhã. Também foram registrados incidentes, dentre os quais a prisão de mais de 50 pessoas em frente a uma garagem de ônibus na Zona Sul da cidade, por volta das 5h.
Chamada para dispersar um piquete diante da Viação Teresópolis-Cavalhada, a BM (Brigada Militar) interpelou motoristas, cobradores e sindicalistas que bloqueavam os portões da sede da empresa. Foram lançadas bombas de efeito moral e houve revide com pedras. Alguns policiais ficaram feridos e 54 pessoas acabaram detidas, tendo que que assinar registro de ocorrência na 2ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre.
Na Zona Norte, os policiais recorreram a bombas de gás lacrimogêneo, jatos d’água e avanço da cavalaria para conter aproximadamente 250 indivíduos. Segundo a BM, a intervenção foi necessária porque o grupo impedia a saída de ônibus e reagiu à presença dos brigadianos. “Foi feito o uso progressivo da força mas não temos notícia que alguém tenha sido lesionado”, frisou comandante-geral, coronel Mário Ikeda.
Os manifestantes, por sua vez, deram outra versão para o episódio. “De nossa parte não houve resistência, estávamos apenas reivindicando direitos e tentando uma conversa prévia com os trabalhadores, a fim de saber se eles queriam aderir ao movimento, o que não foi permitido pela Brigada”, alegou um dos participantes do piquete.
À tarde, em torno de 50 mil pessoas (conforme estimativa dos organizadores) se concentraram na Esquina Democrática (Centro Histórico), antes de realizar no início da noite a já tradicional passeata com faixas e palavras-de-ordem pela avenida Borges de Medeiros em direção ao largo Zumbi dos Palmares, na Cidade Baixa. O trânsito ficou paralisado em diversas ruas e avenidas da região, com direito a engarrafamentos e desvios, além de atrasos no transporte público e particular.
Brigadiano ferido
Em Alvorada (Região Metropolitana), um soldado do batalhão de choque da Brigada recebeu uma pedrada na testa, próximo ao olho direito. A agressão aconteceu quando policiais avançavam contra um piquete em frente à empresa de ônibus Soul. Nenhum dos 70 manifestantes foi preso. Já o policial atingido foi encaminhado para exames no Banco de Olhos.
Já pela manhã, integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) realizaram um bloqueio no quilômetro 124 da BR-290 (Freeway), próximo a Porto Alegre, causando um longo congestionamento de veículos. Uma tropa de choque da PRF (Polícia Rodoviária Federal) dispersou o protesto com bombas de efeito moral.
Manifestantes da FUP (Federação Única dos Petroleiros) se uniram aos protestos. O ato foi realizado em frente à Refap (Refinaria Alberto Pasqualini), em Porto Alegre. A greve iniciada na madrugada pela categoria atingiu nove refinarias da Petrobras em todo o País.
Interior do Estado
No quilometro 174 da BR-290, região de Eldorado do Sul (Região Metropolitana, um protesto interrompeu o trânsito na rodovia. Pneus foram queimados enquanto um grupo empunhava uma faixa reiterando posição contrária à reforma da Previdência.
Na cidade de Passo Fundo (Norte do Estado), uma manifestação bloqueou garagens de empresas de ônibus. Em Bagé (Região da campanha), piquetes se posicionaram nos portões das companhias de transporte público, bloqueando a passagem dos coletivos. O mesmo ocorreu em em Ijuí (Noroeste gaúcho).
(Marcello Campos)