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Notícias Cientista social diz que partidos como Progressistas, Republicanos e União Brasil, batizados por ele de “Centrão sem medo”, vão construir uma candidatura presidenciável contra o PT em 2026 mesmo integrando o atual governo Lula

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Futuro da oposição a Lula estaria dentro do governo dele. (Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)

Pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) da Unicamp, Marcos Nobre defende que o bloco que ele batizou de “Centrão sem medo” — formado por parlamentares de PP, Republicanos e União Brasil e representado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) —, almeja emplacar uma candidatura de oposição ao governo Lula mesmo ocupando cargos e ministérios na atual gestão. Na avaliação do cientista social, o bloco não tem medo nem de governar, nem de fazer uma aliança com a extrema direita. O grupo é diferente do que ele classifica como Centrão temeroso, formado por siglas como MDB e PSD, que entraram antes no governo e preferiram não ser da base de Jair Bolsonaro (PL).

1. Por que o governo Lula precisou de uma aliança com o que o senhor chama de “Centrão sem medo”?

Foi inevitável. A reforma eleitoral de 2017 produziu efeitos benéficos, como a redução do número de partidos efetivos. Por outro lado, desorganizou as legendas. Embora as cúpulas partidárias tenham se fortalecido com a proibição de financiamento empresarial e a criação dos fundos eleitorais, há desde então dificuldade de produzir disciplina em votações e decisões uniformes.

2. E qual é o efeito disso?

Há partidos que estão no governo, mas não entregam os votos esperados. Há sempre uma taxa de deserção. O habitual seria algo como 10% ou 15% (dos parlamentares). Só que ela chegou a 30%. Para completar os votos que faltam, Lula teve que buscar o que chamo de Centrão sem medo. Ele age em bloco, mas apenas nas votações em que considera ser possível apoiar o governo. Já ouvimos de todos os presidentes desses partidos, do Luciano Bivar, do Marcos Pereira, do Ciro Nogueira, que União Brasil, Republicanos e PP, respectivamente, têm ministros, mas não estão no governo. Essa é a característica desse Centrão: tem ministério, entrega votos em algumas pautas, mas se diz independente. O sentido que vejo nisso é esse grupo querer construir uma candidatura de oposição em 2026. O futuro da oposição a Lula está dentro do governo dele.

3. O que unifica esse bloco?

A médio e longo prazos, é a vontade de governar, de ganhar a eleição presidencial. No curto prazo, é a descoberta de que, operando de maneira colegiada, esse Centrão consegue obter mais do governo do que a partir do seu partido. Seu poder de chantagem é muito maior. Ele só tem essa posição porque age em colegiado, não tem um partido que se impõe sobre os outros, e porque tem a presidência da Câmara. Isso significa que não pode haver duas ou três candidaturas desse grupo na eleição para o comando da Câmara em 2025. Eles têm que ficar unidos porque, se perdem a presidência da Câmara, perdem tudo.

4. Há espaço para o governo Lula apoiar uma candidatura alternativa a esse Centrão?

Acredito que a questão é saber se é possível produzir um racha no interior desse Centrão sem medo. Até agora esse grupo político é um monólito inquebrável. (Gilberto) Kassab e Renan (Calheiros), que são do que chamo de Centrão temeroso, bloco que aderiu a Lula ainda na eleição, tentaram e continuam tentando produzir uma candidatura alternativa à presidência da Câmara. Até agora, eles não obtiveram sucesso. A questão é: o governo vai comprar ou não essa briga? Esse tem que ser o cálculo do governo Lula.

5. Na lógica interna da Câmara, especificamente para a atuação parlamentar, temos dois blocos hoje, um com PP e União, e outro com Republicanos. O presidente do Republicanos, Marcos Pereira, pode rachar o bloco?

Os blocos na Câmara funcionam com finalidades internas. Quando surgiu a coalizão liderada pelo Republicanos, com Marcos Pereira, a primeira tendência foi dizer que o que chamo de Centrão sem medo estava rachando. Até agora, Marcos Pereira não demonstrou querer quebrar esse triunvirato. Temos que lembrar, porém, que o Republicanos tem um dos presidenciáveis hoje mais importantes, Tarcísio de Freitas.

6. Esse Centrão ambiciona ter a cabeça de chapa em 2026 ou vai usar novamente o bolsonarismo?

O Centrão sem medo não tem liderança nacional com votos para uma eleição presidencial. Vai ter que recorrer a um quadro que não é dele diretamente e terá que decidir o que é melhor, se uma figura como (Romeu) Zema ou como Tarcísio. Parece claro que não só Bolsonaro e seu grupo mais próximo vão influenciar um pouco nessa escolha, como vão exigir a vice-presidência.

7. O Brasil seguirá, então, dividido entre PT e um bloco anti-PT, sem uma terceira via?

Não vejo chance de se viabilizar. Pode aparecer uma candidatura que seja o que se costuma chamar de terceira via e que tenha votos no primeiro turno para pesar no segundo. Foi o caso de Simone Tebet. Mas a chapa Lula-Alckmin simboliza que a parte da direita brasileira que não quer compactuar nem arriscar uma aliança com a extrema direita está no governo Lula e não tem espaço para outra coisa.

 

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