Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 22 de junho de 2019
Uma pesquisa de uma dupla de cientistas australianos aponta que jovens que ficam muito tempo com a cabeça dobrada para baixo, em uma posição comum para olhar a tela do celular, podem desenvolver uma protuberância na parte de trás do crânio. As informações são do portal G1.
O crescimento é comparável a um calo, e fica na parte de trás, na junção entre o crânio e o pescoço.
Os pesquisadores são David Shahar e Mark Sayers, da Universidade de Sunshine Coast, em Queensland, na Austrália.
Na mídia da Austrália, a pesquisa tem sido noticiada como o desenvolvimento de um chifre na parte de trás do crânio desenvolvido por causa do celular.
Shahar e Sayers afirmam que a prevalência dessa protuberância em jovens adultos aponta para uma mudança na postura das pessoas que foi causada pelo uso de tecnologia.
Smartphones e outros aparelho estão contorcendo a forma humana, de acordo com eles, porque os usuários precisam curvar a cabeça para a frente.
Os cientistas disseram que a descoberta marca a primeira documentação física de adaptação à presença de tecnologia no cotidiano.
Reportagem contesta anúncio de descoberta
A conclusão da pesquisa foi contestada em um texto do “New York Times”. Um dos autores é profissional de quiropraxia, e o outro, professor de biomecânica.
Especialistas consultados pelo jornal apontam algumas questões sobre o estudo: ele usa raios-x antigos, não tem um grupo de controle e não provou causa e efeito e, além disso, tem como base pacientes que já tinham problemas (e, por isso, procuraram um profissional de quiropraxia).
Ficar com a cabeça dobrada pode, em teoria, formar uma saliência, de acordo com um pesquisador entrevistado pelo “New York Times”.
Posição da cabeça pode afetar coluna cervical
De acordo com o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, cada vez mais os jovens têm procurado o médico com queixas de dores na coluna cervical, e a causa das dores em pessoas que ainda não têm o desgaste natural da idade está relacionada com a má postura durante o uso de celulares e tablets.
A flexão do pescoço, de acordo com o ortopedista Marcelo Risso, aumenta o peso exercido pela cabeça sobre a musculatura cervical. Em um ângulo de 15 graus, o peso é de 12 quilos. Quando a curvatura faz um ângulo de 30 graus, o peso sobe para 18 quilos. Com 45 graus o peso da cabeça passa para 22 quilos, chegando a pesar 36 quilos num ângulo de 60 graus. “É preciso ficar bastante atento à postura”, afirma.
O médico alerta que no curto prazo este vício de postura provoca dores musculares, mas com o excesso de horas nessa posição por dia e no longo prazo pode acelerar processos degenerativos, que podem levar a hérnias de disco precoces, por exemplo.