Quinta-feira, 01 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 11 de outubro de 2020
O Círio é realizado todos os anos em outubro, desde 1793, e costuma reunir mais de 2 milhões de pessoas pelas ruas da capital paraense.
Foto: Arquivo/Wilson Dias/Agência BrasilPela primeira vez em 227 anos, a multidão que invade as ruas de Belém, no Pará, no segundo domingo de outubro, não pôde participar das romarias e das procissões de Nossa Senhora durante o Círio de Nazaré. O evento de 2020 foi adaptado e transmitido pelas redes sociais. As festividades seguem até o dia 25 deste mês.
O evento geralmente reúne mais de 2 milhões de pessoas. Mas este ano, devido à pandemia do coronavírus, a programação sofreu alterações para evitar aglomeração e contágio da Covid-19. A Arquidiocese de Belém anunciou em agosto o cancelamento das 13 procissões tradicionais do Círio de Nazaré.
Segundo o arcebispo de Belém, dom Alberto Taveira Corrêa, com a Covid-19 tornou-se inviável manter a tradição neste ano. Dom Alberto disse na ocasião que, durante os meses anteriores, houve consulta às autoridades do Estado e do município e foi constituída uma comissão de médicos para assessorar os responsáveis pelo evento.
A tradição do Círio de Nazaré
O Círio é realizado todos os anos em outubro, desde 1793, e costuma reunir mais de 2 milhões de pessoas pelas ruas da capital paraense.
O evento celebra Nossa Senhora de Nazaré. Há diversas explicações sobre quando teria sido encontrada a imagem de Maria, tanto originalmente quanto no que é chamado de “milagre do retorno” da imagem. No local da primeira descoberta foi construída a Basílica Santuário. O primeiro Círio teria ocorrido ainda no fim do século 18, em 1793.
Cercando essa história ganharam visibilidade diversos símbolos, como as imagens de Nossa Senhora, os mantos, a berlinda, a corda, carros de anjos e promessas e hinos de celebração, além de orações.
O evento é composto por diversas missas, iniciando pela da Basílica.
Um dos grandes momentos, a peregrinação que reúne fiéis para acompanhar o deslocamento da imagem de Nossa Senhora, não ocorrerá como tradicionalmente. Normalmente, a procissão leva cerca de 2 milhões de pessoas às ruas de Belém. O trajeto da santa será feito de helicóptero, em um sobrevoo pelos hospitais da cidade que atuaram no tratamento de pessoas com Covid-19.
A TV Círio transmitirá diversas etapas da festividade, como lives musicais, a bênção do cônego Roberto Cavalli, a missa na Catedral celebrada por dom Alberto Taveira Corrêa. Além disso, foi preparada uma programação televisiva com documentários e os melhores momentos do Círio.
Mobilização
Famílias e grupos de amigos se mobilizam para participar do evento, considerado por muitos como o “natal dos paraenses”. Casas são enfeitadas, cartazes em homenagem colocados do lado de fora e até mesmo reformas são feitas para receber parentes e amigos.
Eventos paralelos
Paralelamente ao Círio, ocorrem diversos eventos. Um deles é o Auto do Círio, organizado pela Escola de Teatro e Dança da UFPA (Universidade Federal do Pará). O espetáculo-cortejo será realizado de forma virtual neste ano. O evento é patrimônio imaterial do povo do Pará, tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), e ocorre desde 1993. A cada ano, participam cerca de 400 artistas, atraindo um público de mais de 60 mil pessoas.
“A principal mudança foi a realização da edição virtual do Auto do Círio, no qual recebemos os vídeos dos participantes por meio das redes sociais e assim pudemos realizar a edição do Auto do Círio 2020 Virtual, com o tema “Mãe, Livrai-nos do Mal, Amém!”, exibido no canal do Youtube do Auto do Círio”, explica o coordenador do Programa de Extensão Universitária Auto do Círio, da UFPA, professor Tarik Coelho.