Terça-feira, 29 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 28 de julho de 2025
Intervenções cirúrgicas voltadas à aparência vêm ganhando cada vez mais espaço entre personalidades brasileiras. Nomes como Anitta, Virgínia Fonseca e outras artistas contribuem para a maior exposição do tema, que já ultrapassa o universo das celebridades. Segundo o relatório mais recente da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), o Brasil ultrapassou os Estados Unidos e assumiu a liderança no ranking global de procedimentos com fins estéticos.
O avanço chama atenção e levanta uma reflexão importante: o que leva tantos brasileiros a optarem por cirurgias plásticas? Estaríamos diante de uma valorização genuína da autoestima ou da crescente pressão por se encaixar em padrões cada vez mais idealizados, sobretudo nas redes sociais?
Para o cirurgião plástico Josué Montedonio, membro de entidades nacionais e internacionais da área, como a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), a cultura brasileira tem papel fundamental nesse cenário.
“A relação com o corpo no Brasil é muito próxima. O clima, as praias, a moda… tudo favorece a exposição corporal. Além disso, a estética é vista como expressão de cuidado, de bem-estar”, explica. Ele também ressalta que a sólida formação dos profissionais brasileiros atrai pacientes do mundo todo e contribui para a consolidação do país como referência global no setor.
Ainda assim, o cirurgião alerta para a diferença entre o desejo legítimo de mudança e a influência externa.
“Quando o incômodo parte da própria pessoa, que se olha e quer melhorar algo para si, é saudável. Mas quando vem de comparações com outras pessoas, comentários alheios ou pressões externas, é preciso atenção”, pondera. “No consultório, ouvimos muitas vezes frases como ‘quero parecer comigo mesma, só que melhor’, e isso é um ótimo indicativo. Mas quando o objetivo é se parecer com alguém específico, já acendemos um alerta”, acrescenta.
Na clínica do especialista, os procedimentos mais procurados envolvem o contorno corporal, como mastopexias, mamoplastias, lipoaspiração com definição e abdominoplastias. “São queixas reais, como flacidez após gestações, dores nas costas ou desconforto com o próprio corpo. Vai muito além da vaidade: é também sobre funcionalidade, qualidade de vida e bem-estar”, afirma.
Com o aumento da procura, cresce também a preocupação com segurança e responsabilidade. Montedonio reforça a importância de buscar profissionais qualificados, com registro ativo na SBCP, e de ter uma escuta atenta na consulta médica.
“Cirurgia plástica não é um procedimento estético comum, é um ato médico. O paciente deve sentir confiança, entender cada etapa e fugir de promessas fáceis ou resultados irreais. A melhor cirurgia é aquela que respeita o tempo, o corpo e a história de quem a busca.” As informações são do jornal O Globo.