Sábado, 12 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 16 de setembro de 2020
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu pela manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 2%. A decisão desta quarta-feira (16) também sinalizou que a taxa deve permanecer nesse patamar, o menor da série histórica iniciada em 1996, por algum tempo.
No comunicado, o Comitê disse esperar uma elevação da inflação no curto prazo com uma alta “temporária” dos preços dos alimentos. Nas últimas semanas, a alta no preço de produtos da cesta básica, como o arroz, movimentaram as ações do governo.
“O Comitê avalia que a inflação deve se elevar no curto prazo. Contribuem para esse movimento a alta temporária nos preços dos alimentos e a normalização parcial do preço de alguns serviços em um contexto de recuperação dos índices de mobilidade e do nível de atividade.”
No entanto, na análise do Copom, as medidas de inflação ainda estão abaixo dos níveis compatíveis com o cumprimento da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) de 3,75% em 2021 e 3,5% em 2022. Segundo o boletim Focus, que reúne as expectativas de analistas do mercado financeiro, a inflação deve fechar em 1,94% este ano, 3,01% em 2021 e 3,5 em 2022.
Sequência interrompida
A decisão de manter em 2% interrompe a sequência de nove cortes seguidos na Selic iniciada em julho de 2019. A interrupção já havia sido sinalizada na última reunião, em agosto, quando o Copom disse que o espaço para quedas adicionais, “se houver”, seria pequeno.
Apesar de entender que o País precisa de um estímulo “extraordinariamente elevado”, com juros baixos, o BC decidiu não alterar a Selic porque um novo corte poderia trazer efeitos negativos para a estabilidade financeira.
“De forma a prover o estímulo monetário considerado adequado para o cumprimento da meta para a inflação, mas mantendo a cautela necessária por razões prudenciais, o Copom considera apropriado utilizar uma “prescrição futura” (isto é, um “forward guidance”) como um instrumento de política monetária adicional.”
Com isso, o Banco Central continuou lançando mão de uma nova ferramenta para influenciar nas taxas de juros do mercado sem alterar a Selic, o forward guidance. Usado pela primeira vez na reunião de agosto, esse instrumento consiste em utilizar a própria comunicação do Banco Central como uma forma de influenciar as taxas de juros. Neste caso, o BC acenou que os juros continuarão baixos.
Ao comunicar que deve manter essa taxa por algum tempo, o Banco Central dá uma previsão para os agentes de mercado de que as condições da taxa básica de juros não devem mudar durante um período prolongado e, assim, os bancos e instituições financeiras podem ajustar as suas taxas com maior previsibilidade.
O Copom estabeleceu dois cenários que fariam o patamar dos juros aumentar. O primeiro, se o governo aumentar os gastos, causando uma alteração na manutenção do atual regime fiscal. O segundo, se as expectativas de inflação de longo prazo mudarem drasticamente.
A decisão de manutenção da atual taxa básica de juros era esperada pelo mercado e, segundo analistas, deve se repetir nas próximas reuniões do Copom.