Quarta-feira, 21 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 27 de fevereiro de 2025
Após um lucro combinado de R$ 112,7 bilhões em 2024, alta de 16,4% em um ano, os maiores bancos do País entram em 2025 com velas ajustadas diante do aumento dos riscos para o crédito. Com juros e inflação em alta, as instituições financeiras querem manter o crescimento, mas vão desacelerar em relação a 2024 e devem concentrar o foco em negócios que apresentam menores riscos.
Entre os três maiores bancos privados (Itaú Unibanco, Bradesco e Santander), isso significa concessão concentrada em linhas de pessoas físicas para clientes conhecidos, e com um porcentual maior de garantias. Já o Banco do Brasil, segundo maior banco brasileiro em volume de ativos, deve se valer das exposições ao agronegócio e a carteiras de pessoas físicas que são menos voláteis – duas vantagens que têm mantido seus índices de inadimplência no pelotão vencedor do setor.
“Aos poucos, os bancos começam a convergir para o pessimismo que observamos nos preços dos ativos, nas curvas de juros”, afirma o analista de instituições financeiras da XP, Bernardo Guttmann. “A preocupação com o PIB e a inflação deve começar a se refletir na renda das famílias, levando a uma desaceleração na concessão de crédito neste ano.”
As projeções das instituições para este ano deixam clara essa tendência. Itaú e Bradesco divulgaram expectativas de crescimento de carteira que ficam abaixo dos números observados em 2024. Enquanto o Itaú fala em até 8,5% (ante uma expansão de 15,5% no ano passado), o Bradesco projeta um número entre 4% e 8% (abaixo dos 11,9% de 2024). O Santander não informa projeções, mas já começou a colocar o pé no freio desde o terceiro trimestre do ano passado.
A percepção do mercado é de que o movimento é preventivo. “Vejo muito mais uma visão conservadora dos bancos do que uma piora de fato. Olhando os dados do quarto trimestre e as projeções de despesas com provisão, nenhum dos números foi ruim”, diz Gustavo Schroden, analista de instituições financeiras do Citi.
A mudança de expectativa é comum a todo o setor. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou na semana passada que as projeções do setor para o crescimento do crédito neste ano caíram de 9% para 8,5% desde dezembro, diante da piora do cenário. No ano passado, o crédito cresceu 10,9% no País.
Os números de 2024 e do quarto trimestre destoam do que se espera para 2025. “A dinâmica de resultado foi bem parecida com a do terceiro trimestre, refletindo um ambiente estável, inadimplência controlada, expansão da carteira, muito em linha com as projeções”, afirma Guttmann, da XP. (Estadão Conteúdo)