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Brasil Com mais de 200 mil mortos pelo coronavírus, o Brasil é pária internacional da saúde pública

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O País acrescentou às estatísticas 34.387 novos diagnósticos em 24 horas. (Foto: EBC)

Ao custo das mais de 200 mil mortes por covid-19 oficialmente registradas, o Brasil gravou o nome como um dos protagonistas da história da pandemia, um dos piores momentos já atravessados pela Humanidade.

É brasileira a face do fracasso contra o coronavírus. Sem testagem em massa, sem distanciamento social e sem vacina, o País, outrora orgulhoso de seu programa de vacinação, superou as projeções mais pessimistas e se tornou o que cientistas chamam de pária internacional de saúde pública.

O país amarga o segundo maior número de mortes do planeta, inferior apenas aos dos Estados Unidos, com população 50% maior e igualmente desprovido de política nacional contra a pandemia.

“Nos tornamos párias internacionais de saúde pública. Duzentos mil óbitos são fruto de uma crueldade inominável. A história poderia ser diferente. O Brasil era referência em saúde pública. Mas tudo isso foi jogado fora. Uma política negacionista, ausência de coordenação nacional e medidas contraditórias, além da falta de empatia, nos colocaram onde estamos. O SUS salvou muita gente, mas não existe milagre”, afirma o professor titular de epidemiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Roberto Medronho.

Enquanto o restante do mundo iniciou 2021 contando as pessoas vacinadas, o Brasil, de concreto, só tem a somar novos doentes e mortos. E projeções indicam que as mortes podem chegar a 300 mil em abril, se nada for feito, alerta o pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto Domingos Alves, do portal Covid-19 Brasil. Se a promessa de vacinação em fevereiro se concretizar, ainda assim, até lá, diz ele, os mortos serão pelo menos 230 mil.

“Antes que a vacinação comece, teremos problemas para enterrar os mortos e colapso da rede de saúde porque não adotamos medidas de distanciamento e testagem”, adverte ele.

Domingos Alves pontua que dez Estados (RJ, SP, MG, ES, PR, SC, RS, MS, PE, BA) estão com a média móvel de casos maior do que na primeira onda. Nesses lugares, as projeções indicam colapso do sistema de saúde até o fim da semana que vem.

Em uma nota de esperança, nesta mesma quinta-feira o governo de São Paulo anunciou — depois de dois adiamentos — que a eficácia da vacina CoronaVac, produzida pela chinesa Sinovac com parceria no Brasil do Instituto Butantan, é de 78%. Se tudo seguir no cenário mais otimista, o Estado pretende iniciar a vacinação no próximo dia 25.

A marca de 200 mil óbitos, no entanto, superou o pior cenário estimado pelo Ministério da Saúde, ainda no início da pandemia. Na época, se temia que os mortos chegassem a 180 mil.

“Estamos num platô de mortes da covid-19. E as perspectivas não são animadoras. As aglomerações não foram combatidas como deveriam, o presidente Jair Bolsonaro continua a desdenhar as vacinas, não dá exemplo. A falta de planejamento é de um amadorismo que impressiona”, diz Medronho.

Ano difícil

O presidente da Academia Nacional de Medicina (ANM), Rubens Belfort Jr., diz que este será um ano difícil:

“Se 2020 foi inesperadamente terrível, 2021 será previsivelmente trágico. A sociedade vem sendo enganada, com promessas que não se concretizam. Se começarmos a vacinar em fevereiro, significa que até junho estaremos no inferno. Quem pode vai se vacinar na Europa, as elites estão dispostas a pagar qualquer coisa para se imunizarem. Mas a maior parte da população não terá como se proteger.”

Medronho considera que a divisão de grupos estabelecida pelo Ministério da Saúde no Plano de Imunização deixa de fora o que, a seu ver, é o maior grupo de risco: os pobres, e em especial os negros.

“Ser pobre é um dos principais fatores de risco para morrer de covid-19 no Brasil. E no Brasil, ser pobre é quase sempre ser negro. O coronavírus desnudou e aprofundou nossa imensa desigualdade”, destaca Medronho.

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