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Futebol Com Neymar de embaixador, O Qatar dá fôlego a um projeto esportivo que tem implicações políticas

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Papel do atacante não terá ligação apenas com o esporte. (Foto: Efe)

Para o Paris Saint-Germain, Neymar será uma peça importante dentro de campo e, claro, fora dele – por meio de campanhas publicitárias e venda de produtos oficiais, para ficar nos exemplos mais básicos. Mas o papel do atacante, ao se concretizar a provável transferência para o futebol francês, não terá ligação apenas com o esporte.

Por trás do apetite do PSG, disposto a pagar R$ 816 milhões (mais impostos) pelo craque brasileiro, existe a força econômica – e política – do governo do Qatar, principal patrocinador do clube francês. A nação asiática acena com um projeto ambicioso: transformar Neymar em um dos principais garotos-propaganda do país em âmbito internacional.

A ideia de que dinheiro não é problema para o governo qatari se sustenta apenas em parte. O país, é verdade, se dispôs a investir cerca de U$ 200 bilhões na Copa de 2022, segundo o ministro das finanças Ali al-Emadi sinalizou à BBC em fevereiro. Dois meses depois, no entanto, fontes do governo indicavam que o orçamento podia sofrer uma queda de 40%.

Embora dê a impressão de “dinheiro infinito” para o mundo externo, o Qatar na verdade vem promovendo ajustes de despesas e buscando aumentar impostos nos últimos anos, de modo a reduzir o impacto negativo dos baixos preços do barril de petróleo. Com seu principal produto de exportação em baixa, a previsão para 2017 era de um déficit de U$ 7,8 bilhões no orçamento nacional, segundo o portal Doha News.

No momento em que o Qatar busca aumentar receitas e, principalmente, controlar despesas, chegou a causar surpresa a disposição em aumentar o investimento feito no Paris Saint-Germain por meio do fundo QSI (“Qatar Sports Investment”) – principal patrocinador do clube francês, e mantido com receitas do governo qatari. Mais do que gasto, contudo, a provável contratação de Neymar é vista como investimento: gastar dinheiro para gerar ainda mais dinheiro.

O fundo de investimentos do Qatar não investe à toa no futebol: quando comprou 100% da participação no PSG, em 2012, o clube era avaliado em cerca de U$ 130 milhões – isto é, aproximadamente metade de um Neymar, sem considerar o reajuste da inflação. Neste ano, estudo divulgado pela consultoria britânica Brand Finance colocou o PSG como uma das dez marcas mais valiosas do mundo, avaliada em U$ 1,011 bilhão. Dez vezes mais do que há cinco anos.

O QSI já injetou cerca de R$ 900 milhões na última temporada, segundo os balanços do PSG, para fazer o clube francês terminar o ano com balanço positivo. Só a contratação de Neymar já custaria aos cofres do PSG leia-se, do QSI mais R$ 816 milhões. A sopa de letrinhas contém zeros demais, o que despertou a atenção da Uefa: a entidade que governa o futebol europeu prometeu observar os movimentos do PSG para investigar se o clube francês vem driblando o fair-play financeiro, que proíbe os clubes, a grosso modo, de gastarem mais do que arrecadam por sua conta própria.

Mas não só os ajustes de gastos despertam atenção especial do governo qatari. Quando se trata de esporte, o país não economiza. Entende que construir a imagem de uma nação de atletas é uma forma eficiente de atenuar a cobrança internacional por seus controversos alinhamentos diplomáticos. Recentemente, países vizinhos chegaram a romper relações diplomáticas com o Qatar devido ao suposto apoio financeiro ao Estado Islâmico. No lugar do terreno nebuloso da política, a ideia é que a excelência esportiva ocupe a vitrine do Qatar perante o mundo.

No caso de Neymar – e até como alternativa para evitar a carga tributária em uma transferência convencional –, o Qatar estaria disposto a transformá-lo oficialmente em embaixador da Copa de 2022, segundo a imprensa espanhola noticiou na última semana. Desta forma, o atacante receberia rendimentos em uma conta aberta em Doha, com menor incidência de impostos, e poderia ele mesmo transferir o dinheiro para o Barcelona a fim de acionar a cláusula rescisória e se ver livre para assinar com o PSG.

Mas a transformação de Neymar em garoto-propaganda vai além de uma simples triangulação monetária. O Qatar procurou, nos últimos anos, se aproximar de personalidades esportivas, eventualmente trazendo-as para o próprio país.

O meia catalão Xavi Hernández, ex-companheiro de Neymar no Barcelona, se juntou ao Al-Saad e passou a atuar ativamente em prol do esporte no país – a imprensa espanhola chegou a noticiar que ele tentava convencer o talentoso Andrés Iniesta a seguir seus passos. Outro que se tornou uma voz favorável ao Qatar no esporte internacional foi o técnico Pep Guardiola, que atuou em clubes do país no fim da carreira como jogador e já defendeu publicamente o Qatar – afirmando sem mais aberto politicamente do que a Espanha.

Uma das principais evidências do esporte como política de Estado no Qatar é o alto número de atletas naturalizados representando o país em competições de ponta. Na delegação que veio aos Jogos Olímpicos do Rio em 2016, por exemplo, pelo menos 23 dos 39 atletas – isto é, quase 60% – nasceu fora do território qatari. (Bernardo Mello/AG)

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https://www.osul.com.br/com-neymar-de-embaixador-o-qatar-da-folego-um-projeto-esportivo-que-tem-implicacoes-politicas/ Com Neymar de embaixador, O Qatar dá fôlego a um projeto esportivo que tem implicações políticas 2017-08-02
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