Quarta-feira, 30 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 20 de abril de 2025
Governo brasileiro quer acelerar parcerias com chineses em meio a tarifaço nos EUA.
Foto: ReproduçãoO Brasil e a China vêm ampliando suas relações comerciais em um contexto de crescente tensão entre Pequim e Washington. A aproximação entre os dois países tem se consolidado por meio de diversas sinalizações recentes, algumas anteriores à intensificação da disputa tarifária promovida pelos Estados Unidos sob a gestão de Donald Trump.
Entre janeiro e março deste ano, a corrente de comércio entre Brasil e China alcançou um recorde para o período, somando mais de US$ 38,8 bilhões. As exportações brasileiras representaram US$ 19,8 bilhões, enquanto as importações totalizaram US$ 19 bilhões.
As compras brasileiras de produtos chineses cresceram 35% no primeiro trimestre. Um dos destaques foi o grupo de “Plataformas, embarcações e outras estruturas flutuantes”, que movimentou sozinho US$ 2,7 bilhões — um salto expressivo em relação aos cerca de US$ 4 milhões registrados em igual período de 2024.
Segundo dados do Comex Stat, o Brasil não adquiria plataformas de perfuração da China desde 2020. O portal, mantido pelo governo federal, reúne estatísticas detalhadas sobre o comércio exterior brasileiro.
Na última sexta-feira (18), os Estados Unidos anunciaram novas tarifas sobre navios fabricados na China, justificando a medida como um esforço para revitalizar a indústria naval americana diante da forte presença chinesa no setor.
No campo do agronegócio, o governo brasileiro vê na disputa entre China e EUA uma oportunidade para ampliar mercados. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, declarou que o impasse entre as duas potências tem acelerado negociações com o governo chinês.
“Existe, sim, uma expectativa de expansão das relações comerciais com a China”, afirmou Fávaro, na quinta-feira (17).
Na mesma semana, representantes do Ministério da Agricultura da China estiveram no Brasil para encontros com autoridades locais. Para o dia 22, está prevista uma reunião entre o Ministério da Agricultura brasileiro e o GACC — o órgão chinês responsável pelas normas alfandegárias e de importação.
Entre os principais objetivos dessas reuniões está a redução da burocracia para aprovação de produtos biotecnológicos, como sementes geneticamente modificadas e alimentos com edição gênica.
O governo brasileiro também está intensificando os esforços diplomáticos com o envio de representantes à China. Como parte da preparação para a visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, prevista para maio, uma comitiva já se encontra no país asiático para organizar agendas e abrir espaço para novos acordos.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, já desembarcou em território chinês, enquanto o ministro da Casa Civil, Rui Costa, deve chegar ao país no fim de abril.
Outro avanço significativo foi registrado na área de logística. Na última quinta-feira, foi inaugurada uma nova rota marítima direta entre os dois países, ligando o Porto de Gaolan, na cidade chinesa de Zhuhai, aos portos brasileiros de Santana (AP) e Salvador (BA).
De acordo com o Ministério de Portos e Aeroportos, o novo corredor marítimo deverá facilitar o escoamento de produtos agrícolas e minerais de regiões estratégicas brasileiras, ampliando a eficiência logística entre os dois países.
(Com CNN)