Segunda-feira, 22 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de setembro de 2025
Há cerca de um ano, o futuro de uma das principais big techs americanas era incerto.
Foto: DivulgaçãoA inteligência artificial (IA) parece ter vindo em socorro de um representante da velha guarda do Vale do Silício: a empresa Google e seu navegador Chrome.
Há cerca de um ano, o futuro de uma das principais big techs americanas era incerto. No maior desafio antitruste que ela já enfrentou, um tribunal em Washington concluiu que a empresa monopolizava ilegalmente o mercado de buscas na internet com acordos bilionários para garantir que o seu mecanismo de busca fosse a opção padrão, o que, na prática, barrava os concorrentes.
Com essa decisão, o Departamento de Justiça dos EUA queria forçar o Google a vender seu lucrativo navegador Chrome ou seu sistema operacional Android, o que levou muitos analistas a preverem o fim da gigante da tecnologia e de seu domínio nos mecanismos de busca.
Processo longo
O juiz do caso, Amit Mehta, levou mais de um ano para tomar sua decisão, que foi anunciada em 2 de setembro de 2025 e recebida com alívio pela empresa – parece que a maré finalmente virou.
Num “memorando de opinião” de 230 páginas, Mehta decidiu que o Google não precisaria vender o Chrome nem ser desmembrado e não proibiu os acordos bilionários que a empresa vem fazendo há anos para garantir que seu mecanismo de busca seja o padrão em smartphones, computadores pessoais e outros dispositivos.
Mas Mehta ordenou que o Google conceda aos seus atuais e potenciais rivais acesso a parte da fórmula secreta do seu mecanismo de busca: os dados armazenados a partir de trilhões de buscas que ele utiliza para melhorar a qualidade dos seus resultados de busca.
O mais surpreendente foi a visão do juiz de que a inteligência artificial generativa, com suas dezenas de milhões de usuários, havia mudado, em alguns poucos meses, a situação de todo o mercado de mecanismos de busca.
Respostas prontas
“O surgimento da IA generativa mudou o curso deste caso”, escreveu Mehta, de forma muito clara, na primeira página de sua sentença.
Quando o caso começou, em 2020, quase ninguém falava sobre inteligência artificial. Hoje só se fala nela, e a possibilidade de que mecanismos de busca com tecnologia de IA possam afetar substancialmente, se não substituir, os mecanismos de busca convencionais é uma ameaça que o juiz aceita como real.
De fato, a IA está mudando rapidamente a forma como as pessoas pesquisam ou mesmo usam a internet. Em vez de uma lista de links, os chatbots com tecnologia de IA, como o ChatGPT, fornecem respostas prontas que podem abarcar mais de uma busca. Diante disso, o próprio Google adicionou recursos de chatbot no seu mecanismo de busca.
As interfaces de busca tradicionais estão sendo substituídas pela interface de chatbots, e analistas dizem que essa tendência continuará a se acelerar.
Três fatores estão impulsionando essa mudança, diz o professor de inteligência artificial Jinjun Xiong, da Universidade de Buffalo: o modelo gratuito do ChatGPT mostrou a muitas pessoas a capacidade da inteligência artificial, a popularização da tecnologia por meio da mídia e os avanços tecnológicos surpreendentes em IA.