Sábado, 02 de agosto de 2025
Por Redação O Sul | 1 de agosto de 2025
O refrigerante diet entrou nas prateleiras e nas mesas de muitas pessoas como uma opção considerada mais “saudável” do que a versão açucarada. No entanto, um novo estudo encabeçado pela Universidade Monash, da Austrália, mostra que beber uma lata de refrigerante diet por dia pode pode aumentar o risco de desenvolver diabetes tipo 2 em 38%.
Além disso, esse risco é ainda maior do que o associado a beber diariamente uma lata de refrigerante comum, o qual eleva em 23% as chances de desenvolver a doença. Os achados foram publicados na revista científica Diabetes & Metabolism.
De acordo com a professora e pesquisadora Barbora de Courten, autor sênior do estudo, as descobertas feitas pela equipe desafiam a suposição comum de que bebidas adoçadas artificialmente são uma escolha mais segura.
“Os adoçantes artificiais são frequentemente recomendados para pessoas com risco de diabetes como uma alternativa mais saudável, mas nossos resultados sugerem que eles podem representar seus próprios riscos à saúde”, aponta, em comunicado.
Uma das teorias apresentadas pelos pesquisadores para explicar a associação entre refrigerantes diet e o aumento do risco de diabetes é a relação de adoçantes artificiais utilizados neste tipo de bebida, como o aspartame, e o metabolismo da glicose.
“Por exemplo, a ingestão elevada de aspartame, um adoçante artificial comumente usado, resultou em uma resposta de insulina pós-prandial semelhante à da sacarose. Foi relatado que a ingestão habitual elevada de sacarina e sucralose perturba o microbioma intestinal, prejudicando a tolerância à glicose em indivíduos saudáveis ao longo de apenas duas semanas”, escreveram os autores.
O estudo utilizou dados do Estudo de Coorte Colaborativa de Melbourne, também conhecido como Saúde 2020, envolvendo participantes com idades entre 40 e 69 anos, ajustados para dieta, exercícios, educação e histórico de saúde. Foram acompanhados mais de 36 mil adultos australianos ao longo de quase 14 anos.
Courten ressalta que os dados encontrados pelo estudo têm implicações importantes para as políticas de saúde pública.
“Apoiamos medidas como impostos sobre bebidas açucaradas, mas nosso estudo mostra que também precisamos prestar atenção às opções adoçadas artificialmente. Muitas vezes, elas são anunciadas como melhores para a saúde; mas podem apresentar seus próprios riscos. Políticas futuras devem adotar uma abordagem mais ampla para reduzir o consumo de todas as bebidas não nutritivas”, conclui.
Peso
Para a professora de saúde comunitária Lauren Ball, da Universidade de Queensland e a nutricionista Emily Burch, da Southern Cross University, ambas da Austrália, apesar do “diet” no nome, referente à dieta, estas bebidas não estão fortemente associadas ao controle de peso.
Elas analisam o estudo sistemático feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2022 sobre os possíveis benefícios dos adoçantes artificiais em uma dieta para perda de peso.
“No geral, os ensaios clínicos randomizados que eles analisaram sugeriram uma perda de peso ligeiramente maior em pessoas que usaram adoçantes artificiais. Mas os estudos observacionais (onde nenhuma intervenção ocorre e os participantes são monitorados ao longo do tempo) descobriram que pessoas que consomem grandes quantidades de adoçantes artificiais tendem a ter um risco maior de índice de massa corporal mais alto e uma probabilidade 76% maior de ter obesidade”, apontam em artigo para o site The Conversation.
Desta forma, a OMS aconselha que os adoçantes artificiais não sejam utilizados com o objetivo de controlar o peso. Por outro lado, outras opções podem ser mais benéficas.
“Água pura, água com infusão, água com gás, chás de ervas ou leites continuam sendo as melhores opções para hidratação”, aconselham as especialistas. (Com informações do jornal O Globo)