Segunda-feira, 05 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 18 de maio de 2019
Um contador da campanha de Marcelo Álvaro Antônio (Turismo) afirma que, a pedido de um irmão do ministro, cuidou da prestação de contas das quatro candidatas do PSL de Minas Gerais consideradas laranjas. Danilo Jomaso diz que fez a contabilidade de apenas quatro mulheres, em Minas, todas atualmente investigadas por terem sido laranjas na eleição de 2018. Ricardo Teixeira, o irmão de Álvaro Antônio, não aparece como dirigente da legenda ou como colaborador de campanha.
O jornal Folha de S.Paulo apurou que ele se apresentava na época como irmão e auxiliar do ministro. Jomaso diz que jamais conheceu as candidatas e que recebeu todas as notas das mãos de um dirigente do PSL. O contador prestou depoimento na semana passada, em investigação da PF (Polícia Federal) e do Ministério Público, e seu relato agora faz parte do inquérito.
A PF afirmou no início do mês que já tem provas de que as candidatas mentiram sobre os gastos e que as empresas supostamente contratadas, como gráficas e consultorias, nunca realizaram os serviços declarados ou os fizeram para outros candidatos. O contador declara não ter como saber se os trabalhos foram realizados, mas que não havia nenhuma irregularidade nas contas, do ponto de vista formal.
As investigações do Ministério Público e da polícia começaram em fevereiro, após a Folha revelar o caso. Em reportagem do dia 4 de fevereiro, o jornal mostrou que Álvaro Antônio, reeleito como deputado mais votado em Minas, patrocinou um esquema de candidaturas de fachada que desviou dinheiro para empresas ligadas ao seu gabinete e a seus assessores.
As quatro mulheres envolvidas no episódio negam que suas candidaturas tenham sido de fachada. Depois, pelo menos três outras candidatas apresentaram denúncias contra o ministro e o PSL de Minas. Elas disseram que receberam propostas para desviar recursos públicos.
O depoimento do contador envolve diretamente a família do ministro no episódio e vincula a ela, pela primeira vez, a contabilidade das laranjas. Jomaso disse que Ricardo Teixeira pediu a ele que tivesse um cuidado especial com as quatro, afirmando que a necessidade se dava por elas terem recebido verba pública.
Ainda de acordo com o contador, o irmão de Álvaro Antônio solicitou que ele fizesse a documentação, mas que outra pessoa, Gustavo Nascimento, assinaria – o que não ocorreu. Nascimento disse que não assinou as prestações de contas delas e que foi destituído após problemas internos. No final, os ofícios foram entregues à Justiça Eleitoral sem assinaturas de contador. Mais de cinco meses após as eleições, e depois de o escândalo vir à tona, as candidatas apresentaram retificação de suas prestações de contas, com assinatura de um novo contador.