Quinta-feira, 12 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 9 de junho de 2025
O primeiro reencontro dos réus do chamado núcleo crucial da trama golpista, nessa segunda-feira (9), foi marcado por um clima de cordialidade, inclusive entre o colaborador, o tenente-coronel Mauro Cid, e delatados, como o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro Anderson Torres.
O Supremo Tribunal Federal (STF) começou a ouvir, nessa segunda, os oito acusados de integrarem o chamado “núcleo crucial” da trama golpista.
Essa é a primeira vez que os réus da trama golpista estiveram frente a frente, e com o relator da ação penal, o ministro Alexandre de Moraes. Ao longo das investigações, Moraes proibiu que eles se comunicassem.
O Supremo Tribunal Federal (STF) montou um esquema especial para a entrada dos réus na Corte, evitando o assédio da imprensa. Eles acessaram o local por uma entrada reservada.
O primeiro acusado que chegou ao Supremo foi o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira. Na sequência, Bolsonaro. Os dois se cumprimentaram com um tapa nas costas.
O ex-presidente é apontado na denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) como o líder da organização criminosa que atuou para garantir a permanência dele no poder, mesmo após a derrota nas eleições de 2022.
Logo após a chegada, Bolsonaro foi até o banheiro. No caminho, disse que estava tranquilo para o interrogatório.
O ex-presidente também cumprimentou Mauro Cid e trocou impressões com seus advogados antes do início da audiência. E falou com o general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional.
O delator ainda cumprimentou Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, com um abraço e mais um aperto de mão. No caso dos generais Augusto Heleno e Paulo Sérgio, Cid apertou a mão e bateu continência. Nenhum dos militares estava fardado.
Mauro Cid foi o primeiro a ser interrogado porque fechou o acordo de delação premiada, o que tem o objetivo de garantir o amplo direito de defesa dos outros réus.
Mauro Cid confirmou em seu depoimento que o ex-presidente Jair Bolsonaro pediu o monitoramento da rotina do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo Cid, o pedido foi feito no final do mandato de Bolsonaro para verificar se Moraes teria se encontrado com o então vice-presidente da República, Hamilton Mourão.
Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Cid foi primeiro foi o primeiro réu do Núcleo 1 da trama golpista a ser interrogado por Alexandre de Moraes, relator da ação penal do golpe. O militar também está na condição de delator nas investigações.
De acordo com o militar, “era comum” o ex-presidente fazer pedidos de monitoramento de quem considerava um adversário político. Cid disse que a ordem foi repassada ao coronel do Exército Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro e que também é réu nas investigações da trama golpista.
“Por várias vezes, o presidente recebia algumas informações de que aliados políticos estariam se encontrando com adversários políticos. Então, foi comum a gente verificar se isso era verdade ou não. Não tinha nenhuma análise de inteligência. A gente perguntava para a Força Aérea ou via a agenda do ministro”, afirmou.
No início do interrogatório, Mauro Cid também confirmou que Bolsonaro tinha conhecimento sobre a minuta de golpe para estabelecer medida de estado de sítio para tentar reverter o resultado das eleições de 2022.