Quinta-feira, 01 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 10 de dezembro de 2022
Realizando um desejo de muitos no mundo, os sul-coreanos vão “ficar mais jovens” em 2023, graças a uma lei que deixa para trás seu sistema tradicional de cálculo de idade. O sistema atual, amplamente conhecido como “idade coreana”, atribui às pessoas um ano ao nascer e depois adiciona anos a cada 1º de janeiro, em vez de no aniversário.
A Assembleia Nacional do país aprovou uma série de leis que exigem o uso do sistema internacional de contagem de idade em documentos oficiais. Essas mudanças serão implementadas em junho de 2023.
A decisão foi tomada para “resolver a confusão social causada pelo uso misto de cálculos de idade”, afirmou a Assembleia Nacional em um comunicado.
Além do sistema tradicional, o país também emprega outro método para determinar a idade legal para fumar ou beber, que atribui zero anos de idade aos recém-nascidos e depois acrescenta um a cada 1º de janeiro.
Desde a década de 1960, a Coreia do Sul registra as idades oficiais dos seus cidadãos com o método internacional. Porém, diferentemente de outros países asiáticos – a exemplo da China e Japão que fizeram a mudança há décadas –, os sul-coreanos resistiam a abolir os métodos tradicionais.
A substituição do sistema de contagem está prevista para entrar em vigor a partir de junho de 2023, quando a idade de toda a população do país será ajustada para o sistema internacional.
Segundo apontou o jornal Washington Post, a medida deve dar fim a confusões domésticas e internacionais, bem como reduzir custos sociais e administrativos, causadas pelas diferenças nos métodos de contagem.
Isso significa que, por exemplo, em 9 de dezembro de 2022, uma pessoa nascida em 31 de dezembro de 1992 tem 29 anos no sistema internacional, 30 anos no método coreano para beber e 31 anos na “idade coreana”.
Disparidade
O presidente Yoon Suk-yeol promoveu essa mudança devido aos problemas administrativos e sociais causados por essa disparidade nos métodos de contagem.
Mas esta não é a primeira vez que as autoridades sul-coreanas tentam encontrar um método unificado de contagem da idade. Em 2019 e 2021, dois legisladores apresentaram projetos similares que não foram transformados em lei pela Assembleia Coreana.
Mas os especialistas estão divididos sobre o significado da nova medida para a sociedade coreana, apesar de concordarem com a proposta do ponto de vista administrativo.
Jang Yoo-seung, pesquisador sênior do Centro de Pesquisas em Estudos Orientais da Universidade Dankook, afirmou que a idade coreana é um reflexo da tradição do país: “nossa sociedade não parece muito preocupada em abandonar a tradição. Estaríamos correndo o risco de abandonar nossa singularidade e cultura e tornar-nos mais monótonos?”, questiona ele.
Mas um ponto com o qual todos concordam é que, mesmo se a idade internacional for adotada, é improvável que os coreanos deixem de usar sua “idade coreana” tão cedo, oficial ou extraoficialmente.
Para algumas pessoas, a idade pode ser apenas um número, mas ela é levada muito a sério na Coreia do Sul.
“Para os sul-coreanos, descobrir se alguém é ou não mais velho é mais importante que saber o nome da pessoa em um contexto social. É essencial para definir como abordar aquela pessoa e qual o título ou termo honorífico que é necessário”, explica Shin Ji-young, professora do Departamento de Língua e Literatura Coreana da Universidade da Coreia.