Domingo, 18 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 8 de setembro de 2023
Cuba confirmou a prisão de 17 pessoas suspeitas de ter relação com a rede de tráfico humano que recruta combatentes para guerra na Ucrânia. Aliada histórica da Rússia, a ditadura cubana revelou o esquema nesta semana e negou categoricamente qualquer cumplicidade nas ações.
Cuba já havia destacado em nota que o Ministério do Interior trabalha para desarticular a organização que aliciava moradores da ilha e cubanos que vivem na Rússia para que fossem incorporados às tropas de Vladimir Putin na Ucrânia. Agora, o coordenador da investigação, César Rodríguez, confirmou as prisões.
Sem revelar a nacionalidade dos detidos, ele disse que um deles é “o organizador interno das atividades” e outros dois eram os que “procuravam cubanos interessados no alistamento” para o conflito no Leste europeu.
Segundo o portal de notícias Cubadebate, outras 14 pessoas confessaram que aderiram de maneira voluntária à operação, em troca de residência russa e compensação em dinheiro.
Uma fonte da Procuradoria Geral informou à agência AFP que as autoridades judiciais cogitam acusar os detidos pelos crimes de “tráfico de pessoas, mercenarismo e atos hostis em um Estado estrangeiro”. Os crimes podem resultar em sentenças de 30 anos de detenção, prisão perpétua e até pena de morte.
Aliada de Moscou desde a revolução de 1959, a ilha tem voos diretos para Rússia e um regime recíproco de isenção de vistos por 90 dias. Segundo relatos divulgados pela imprensa internacional, a rede divulgava anúncios nas redes sociais para atrair os cubanos.
O jornal América TeVe, de Miami, publicou depoimentos de dois adolescentes que teriam sido enganados pelos aliciadores. Eles afirmam que foram procurados no Facebook para que trabalhassem como pedreiros em obras na Ucrânia ao lado do Exército russo. “Por favor, tentem nos tirar daqui o mais rapidamente possível, porque estamos com medo”, pede um dos jovens, 19, em um vídeo publicado no site do jornal. Segundo o veículo, os jovens enviaram essa mensagem de dentro do ônibus em que eram transferidos da Ucrânia com soldados russos para a cidade russa de Riazan.
O jornal também apresentou o depoimento anônimo em áudio de outro cubano que disse ter assinado um contrato do mesmo tipo. O homem afirmou que viajou de Cuba para a Rússia e encontrou 18 compatriotas na mesma situação.
Sob condição de anonimato, outro cubano disse ter assinado o acordo enquanto vivia na Rússia. Ele explicou ao jornal que, assim como os compatriotas, alistou-se para legalizar sua situação na Rússia.
As acusações contra Moscou vêm à tona no momento em que a Rússia tenta atrair recrutas para as Forças Armadas, depois da tensão com o grupo Wagner.
Os mercenários, que já foram uma das principais forças do Kremlin na Ucrânia, deixaram a guerra em meio à tensão crescente com o ministério da Defesa, que culminou com um motim fracassado.