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Por Redação O Sul | 10 de agosto de 2018
O referendo nacional para ratificar o projeto da nova Constituição de Cuba está previsto para 24 de fevereiro de 2019, informou na quinta-feira (09) a TV estatal do país. A ilha comunista fará antes um debate popular, entre 13 de agosto e 15 de novembro deste ano, com assembleias em centros de trabalho, estudantis e nos bairros. Esses intercâmbios terão um “início piloto” nos quartéis.
A nova Constituição de Cuba é uma “mensagem política de repercussões incertas”, dizem especialistas. “Temos um desafio muito importante, que é nos prepararmos para participar do processo de consultas da nossa Constituição e no apoio incondicional em 24 de fevereiro”, afirmou o major das FAR (Forças Armadas Revolucionárias) Lázaro Arronte ao canal Cubavisión.
Também estão considerados no debate os cubanos residentes no exterior, no que seria a sua primeira participação em um tema político interno desde a vitória da Revolução cubana de 1959.
Projeto da nova Constituição
O Parlamento aprovou em julho o projeto da nova Constituição, que deve substituir a de 1976. A nova Carta Magna busca reconhecer o papel do mercado, da atividade privada e do investimento estrangeiro na economia da ilha, embora sempre sob a tutela do PCC (Partido Comunista de Cuba). O termo “comunismo” também foi eliminado do texto.
As mudanças constitucionais darão sustentação legal às reformas econômicas iniciadas há uma década pelo então presidente Raúl Castro, e que ficaram nas mãos de seu sucessor, Miguel Díaz-Canel. Na futura Constituição será restituída a figura do presidente da República – atual presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros – e será criado o cargo de primeiro-ministro. Também será aberta a porta para o casamento entre pessoas do mesmo sexo. A data do referendo coincide com o aniversário da proclamação da Constituição de 1976 vigente e com o início da guerra de independência cubana de 1895.
Imóveis
Como meio de restringir a compra, venda, permuta, doação e construção de imóveis em “áreas de alta significação para o turismo”, o governo de Cuba determinou que todos esses trâmites devem ser autorizados pelo Ministério de Turismo antes de seguir para a análise da Secretaria de Habitação.
As normas burocráticas foram publicadas na Gazeta Oficial da República e afetam o balneário de Varadero e os municípios de Centro Havana e Havana Vieja, todos conhecidas áreas turísticas da capital cubana. Os objetivos mencionados foram a manutenção do “equilíbrio da população residente” e a necessidade de evitar o aumento de moradores nesses locais.
O ministério trabalhará para que as solicitações de permutas, projetos de compra e venda e construção “não causem aumento populacional nem de novos proprietários” e para que não “afetem os programas de desenvolvimento turístico”. “Uma vez recebido o pronunciamento favorável do responsável do Ministério de Turismo correspondente à região, o secretário municipal de Habitação emite resolução na qual autoriza o solicitado”, indica o novo procedimento.