Sexta-feira, 02 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 19 de agosto de 2015
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou nesta quarta-feira (19) que não pretende se afastar do comando da Casa mesmo se for denunciado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, no processo da Lava Jato. O peemedebista é suspeito de ter recebido propina do esquema de corrupção que atuava na Petrobras para viabilizar a contratação de navios-sonda para a estatal.
Cunha deu a declaração no momento em que se deslocava de seu gabinete para o plenário da Câmara para comandar a sessão que analisará o segundo turno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que reduz a maioridade penal. Indagado por jornalistas sobre a possibilidade de ser denunciado ainda nesta quarta-feira, o presidente da Câmara disse que, caso isso venha a se confirmar, não haverá retaliação da parte dele na condução da casa legislativa.
“Eu não farei afastamento de nenhuma natureza. Vou continuar exatamente no exercício pelo qual eu fui eleito pela maioria da Casa. Absolutamente tranquilo e sereno com relação a isso”, disse.
“Eu não misturo o meu papel de presidente da Casa com as eventuais situações que possam envolver a minha pessoa. Exercerei o meu papel de presidente da forma que, institucionalmente, eu tenho que exercer. Eu não faço papel de retaliação nem tomo atitudes por causa de atitudes dos outros”, complementou.
Cunha acrescentou ainda que não pretende usar o plenário para discursar em sua defesa. “Não farei jamais discurso em plenário com relação a nenhum assunto, não pretendo fazê-lo”, disse.
A denúncia contra Cunha deverá ser feita com base no depoimento à Justiça do ex-consultor da Toyo Setal Júlio Camargo de que o peemedebista teria pedido a ele propina de US$ 5 milhões. Quando a acusação veio à tona, em julho, Cunha atribuiu ao Palácio do Planalto uma articulação com o procurador-geral da República para incriminá-lo na Operação Lava Jato. Em resposta, ele anunciou na ocasião que passaria a fazer parte da oposição ao governo Dilma Rousseff.
Um dos delatores do esquema de corrupção que atuava na Petrobras, Camargo afirmou à Justiça Federal que foi pressionado por Cunha a pagar US$ 10 milhões em propinas para que um contrato de navios-sonda da estatal fosse viabilizado. Do total do suborno, contou o ex-consultor, Cunha disse que era “merecedor” de US$ 5 milhões.
Camargo, que é ex-consultor da empresa Toyo Setal, afirmou à Justiça que, sem ter recurso para pagar a propina exigida, Cunha o ameaçou com um requerimento na Câmara, solicitando que os contratos dos navios-sonda fossem enviados ao Ministério de Minas e Energias para avaliação e eventual remessa para o Tribunal de Contas da União (TCU).
(AG)