Domingo, 11 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 20 de março de 2016
Um dos grampos feitos com autorização do juiz federal Sérgio Moro durante as investigações da Operação Lava-Jato sugere que o PT pressionou o governo para nomear o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro, a fim de garantir foro privilegiado contra uma possível prisão.
O áudio é de uma conversa entre o então ministro da Casa Civil Jaques Wagner e o presidente nacional do PT, Rui Falcão, revelando a preocupação de ambos com a prisão preventiva de Lula, solicitada pelo MP (Ministério Público) de São Paulo. A solicitação havia sido motivada pela suspeita de que o líder petista cometera os crimes de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica ao esconder ser o proprietário de um apartamento triplex no Guarujá (SP), reformado por empreiteiras investigadas pela força-tarefa.
O pedido de prisão havia sido remetido à juíza Maria Priscilla Oliveira, da 4 Vara Criminal de São Paulo. Ao final, a magistrada acabou declinando da competência para julgar o caso e remeteu o processo para Moro.
O diálogo pode desmontar a justificativa do Palácio do Planalto de que a nomeação de Lula para a Casa Civil teria como objetivo contar com a sua capacidade de articulação política, a fim de conseguir votos contra o pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff que tramita no Congresso Nacional.
Em nota oficial, Wagner ressaltou que considera ilegal e “muito estranha” a divulgação dessas conversas grampeadas entre ele e Falcão. Ele alega, ainda, que tem ocorrido “uma tentativa de gerar interpretações desvirtuadas” das suas palavras, assim como de todo o diálogo gravado.