Sexta-feira, 30 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 3 de abril de 2023
Um estudo da FGV (Fundação Getúlio Vargas) mediu quanto o Brasil perde e o quanto os processos presenciais para provar ou autenticar a própria identidade pesam no bolso do cidadão e, segundo os dados, só em 2021, a falta de processos digitais de identificação custou de R$ 104 a R$ 174 bilhões ao país – o que representa de 1,20% a 2% do PIB do mesmo período.
O estudo da FGV ainda calculou quanto cada brasileiro gasta só para se identificar: de R$ 497 a R$ 830 por ano.
“Milhões de brasileiros e brasileiras têm essa dificuldade, porque precisam pagar taxas; tem a dificuldade em termos de deslocamento. Ou seja, as pessoas perdem tempo do seu dia de trabalho para ter que se deslocar para provar que elas são elas mesmas, e isso acaba afetando negativamente a economia”, destaca Joelson Sampaio, professor da escola de economia da FGV.
A auxiliar de limpeza Maria Edna Bernardo da Silva acabou de ser contratada por uma escola, mas para efetivar a contratação, vai ter que autenticar quatro documentos. Cada autenticação custa R$ 5,85. Total? R$ 23,40. Contando com o custo da condução, ela pagou R$ 32,20 só para resolver burocracia.
No mesmo cartório de Edna, a aposentada Jaqueline Damiana Carneiro contou que perdeu a manhã na fila para autenticar a cópia de um documento.
“Fazer o inventário da minha mãe, que é tudo burocrático, né? Tenho que provar que eu sou eu mesma, porque senão eu não pego o que minha me deixou para mim, tudo que ela lutou muitos anos para conquistar. Então, a gente tem que passar por este tipo de burocracia”, lamenta.
Segundo o economista Joelson Sampaio, os custos diretos, como os valores cobrados pelos cartórios, continuariam mesmo com processo digital. Mas os custos indiretos, como transporte e deslocamento das pessoas, por exemplo, cairiam pela metade e, sem a longa espera em filas de atendimento, a outra vantagem seria um aumento direto da produtividade das pessoas.
De acordo o Banco Mundial, o Brasil é o segundo país do mundo em governo digital: 140 milhões de brasileiros acessam serviços públicos pela internet, o que equivale a 80% da população. Mesmo assim, filas enormes são comuns em cartórios ou repartições públicas. As informações são do jornal O Globo.