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Por Redação O Sul | 3 de novembro de 2019
Um ano depois da eleição que promoveu a maior renovação da história do Congresso Nacional, os partidos tradicionais sofrem com uma redução expressiva de filiados enquanto siglas emergentes, incluindo o PSL do presidente Jair Bolsonaro, crescem a cada mês.
Os números foram atualizados esta semana pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). De dezembro de 2018 até setembro de 2019, o Patriota foi o partido que mais cresceu. A legenda tinha 80.066 filiados e pulou para 317.503, um aumento de 296%. Chegou-se a especular que a sigla seria o possível destino de Bolsonaro em meio à crise no PSL, mas o presidente já descartou migrar para o partido.
Em segundo lugar em crescimento de filiados está o Podemos , que saltou de 167.011 para 370.193. O partido vem flertando com vários deputados do PSL e já filiou a senadora Juíza Selma (MT) , antes aliada da família Bolsonaro. O PSL , do presidente, está em terceiro: passou de 271.701 para 354.387 filiados. No mês passado, o partido começou uma campanha com a meta de chegar a um milhão de associados.
Na contramão, MDB, PT e PSDB — os maiores do país em número de filiados, nesta ordem — viram suas fileiras encolherem. O MDB perdeu 170 mil filiados. A sigla já teve dois importantes nomes na mira da Lava-Jato, o ex-presidente Michel Temer , que chegou a ser preso preventivamente, mas foi solto em seguida, e o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha , que está preso.
Já o PT tinha 1.591.575 filiados no final de 2018, mas perdeu 76 mil filiados, chegando a 1.514.696 em setembro. A sigla é liderada pelo ex-presidente Lula, também preso pela operação Lava-Jato. Lula, inclusive, quer que o partido lance candidaturas próprias a prefeito no ano que vem, contrariando parte expressiva da legenda. O PSDB perdeu um pouco menos que o PT: 55 mil filiados.
Um dos partidos com mais políticos investigados pela Lava-Jato, o PP reduziu em 104.725 o número de filiados. O DEM , legenda do presidente da Câmara, Rodrigo Maia , manteve a tendência das grandes siglas e teve uma queda de 68.759 filiações.
Para Flavia Bozza, cientista política e pesquisadora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, esses números refletem o enfraquecimento dos grandes partidos e o fortalecimento dos menores, como foi visto nas eleições do ano passado.
“Talvez seja porque são partidos como o PSL (quando Bolsonaro entrou na sigla), que dariam maior espaço para candidaturas personalistas”, aponta Flavia.
Já o cientista político George Avelino, do Centro de Política e Economia do Setor Público da Fundação Getúlio Vargas, considera “natural” o crescimento do PSL, já que há “expectativas de sucesso eleitoral futuro proporcionadas pela liderança do presidente Bolsonaro”. Por outro lado, partidos como DEM, PT e PSDB foram derrotados e, assim, perderam filiados:
“Além disso, o número de filiados tende a crescer significativamente na véspera do prazo para habilitação de candidaturas para as eleições municipais.”
O coordenador nacional do Patriota, Nilton Silva, atribui o desempenho do partido à união com o Partido Republicano Progressista, no fim de 2018. Só em abril o TSE confirmou a fusão. A transferência de filiados ocorreu no meio deste ano, após pedido do Patriota.
“Acredito que o Daciolo, que foi nosso candidato à presidência no ano passado, ajudou também”, diz Silva.
Presidente do Podemos, a deputada federal Renata Abreu (SP) acredita que a revelação dos esquemas de corrupção envolvendo grandes partidos foram vitais para o crescimento da legenda. A deputada destaca que os filiados do Partido Humanista da Solidariedade, cuja fusão com o Podemos foi aprovada em setembro, ainda não foram transferidos.
“Em abril, no prazo final de submissão das listas de filiação para as eleições, nosso crescimento será ainda maior”, afirma Renata.
O PSL também espera melhorar seus números, mas sofre com a incerteza sobre a permanência ou não do presidente Jair Bolsonaro e de seus filhos, Eduardo e Flávio. Se os Bolsonaros saírem, a meta de um milhão de filiados fica mais distante.
Novo partido
Um dos caminhos possíveis para a família é a fundação de uma nova legenda. Para o advogado Marcílio Lima Duarte, que participou da criação de sete partidos no Brasil — incluindo o próprio PSL na década de 1990, o Prona do ex-deputado Enéas Carneiro e o Solidariedade, do deputado federal Paulinho da Força —, esse plano é plausível .
Para criar um partido, o TSE exige cerca de 490 mil assinaturas de eleitores em todo o País. A sigla também precisa obter a adesão, em nove estados, do equivalente a 0,1% do eleitorado local que votou para a Câmara dos Deputados na eleição de 2018.