Terça-feira, 15 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 24 de junho de 2018
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
O encontro esquecido
O mullah Nasrudin, personagem central da tradição sufi, marcou um encontro com um importante filósofo de sua aldeia – mas terminou distraindo-se com outra coisa, e não chegou na hora marcada.
O filósofo, depois de esperar algum tempo, escreveu na porta da casa de Nasrudin: “Irresponsável!”. E foi embora.
Horas depois, Nasrudin apareceu na casa dele.
– Então, você esqueceu nosso compromisso? – bradou o homem.
– Sim, esqueci, e peço desculpas. Mas, ao chegar em casa, vi que você deixara seu nome no portão, e vim imediatamente.
A generosidade e a recompensa
Compadecido com a pobreza do rabino Jusya, Ephraim colocava diariamente algumas moedas debaixo da sua porta. E reparou que, quanto mais dava para Jusya, mais dinheiro ganhava.
Ephraim lembrou-se que o rabino Baer era mestre de Jusya, e pensou: “se sou bem recompensado ao dar para o discípulo, imagine o quanto ganharei se resolver apoiar o seu mestre”.
Viajou para Mezritch, e cobriu de presentes o rabino Baer. A partir daí, sua vida começou a piorar, e quase perde tudo.
Intrigado, procurou Jusya e contou o ocorrido.
– É muito simples – disse Jusya. – Enquanto você dava sem pensar a quem recebia, Deus também fazia o mesmo. Mas quando você começou a procurar gente ilustre para fazer suas doações, Deus também passou a fazer a mesma coisa.
Enchendo o copo alheio
Durante um jantar no mosteiro de Sceta, o padre mais idoso levantou-se para servir água aos outros. Foi de mesa em mesa com muito esforço, mas nenhum dos padres aceitou.
“Somos indignos do sacrifício deste santo”, pensavam.
Quando o velho chegou na mesa do abade João Pequeno, este pediu que enchesse seu copo até a borda.
Os outros monges olharam horrorizados. No final do jantar, repreenderam João:
– Como pode julgar-se digno de permitir-se ser servido por um homem santo? Não percebeu o quanto lhe custou levantar a garrafa? Não notou como suas mãos tremiam?
“Como posso impedir que o bem se manifeste?” – respondeu o João. – Vocês, que se acham perfeitos, não tiveram humildade de receber, e o pobre homem não teve a alegria de dar.
O aluno que furtava
Durante uma das aulas do mestre zen Bankei, um aluno foi pego roubando. Todos os discípulos pediram a expulsão do aluno.
Bankei não fez nada. Na semana seguinte, o aluno roubou de novo, mas Bankei o manteve em sua classe. Irritados, os outros escreveram uma petição exigindo que o ladrão fosse punido.
– Como vocês são sábios, – disse Bankei, ao ler o pedido. – Conhecem a diferença entre o que é certo e o que está errado. Podem estudar em qualquer outro lugar. Mas este pobre irmão – que não sabe o que é certo ou errado – só tem a mim para ensiná-lo, e continuarei fazendo isto.
Uma torrente de lágrimas purificou o rosto do ladrão: o desejo de roubar havia desaparecido.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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