Segunda-feira, 02 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 21 de maio de 2015
A morte do executivo americano Dave Goldberg, 47 anos, após cair de uma esteira ergométrica em um hotel no México, no início do mês, reacendeu o debate sobre a segurança e os riscos do equipamento. Presidente da SurveyMonkey, empresa de pesquisas de opinião on-line, ele foi encontrado desacordado, com ferimentos na cabeça, ao lado da esteira. Horas mais tarde, morreu no hospital em decorrência de traumatismo craniano.
Acidentes fatais são raros: em média três por ano nos EUA – no Brasil, não há estatística a respeito. Os acidentes mais comuns envolvem quedas e torções, como aconteceu com a presidenta Dilma Rousseff, que, em 2010, caiu quando ia descer da esteira em movimento.
Ela sofreu uma lesão nos ligamentos e teve que usar bota ortopédica. Foi um ano ruim para os usuários de esteira: também em 2010, o padre Marcelo Rossi machucou o tornozelo após uma queda e acabou ficando seis meses em uma cadeira de rodas. Na maior parte dos casos, o dano não é tão sério, como no da estudante Tatiana Marinho, 25, que já caiu duas vezes. “Só ralei a perna e passei vergonha”, diz. A primeira foi no ano passado, quando saiu da esteira em funcionamento. O segundo tombo foi há poucas semanas. “Estava correndo sem segurar em nada e me distraí vendo TV. Fui me afastando cada vez mais da esteira e caí para trás.”
A distração é a maior causa de acidentes, segundo o professor Cacá Ferreira. “Hoje tem tanta coisa para fazer na esteira além do exercício. Dá para conectar iPhone, ver TV… E ainda tem que o que acontece ao redor.” A distração pode fazer a pessoa diminuir o ritmo sem baixar a velocidade no painel. “Ou pisar na borda fixa da lateral e tropeçar”, afirma o ortopedista Alexandre Fogaça Cristante.
Cuidados básicos.
Além de evitar os eletrônicos durante o exercício, o instrutor de musculação Tawan Souza aponta outros cuidados básicos. “Muita gente ‘pula’ da esteira para as barras laterais para beber água. Além de a manobra ser perigosa, não é bom parar o exercício do nada. A frequência cardíaca está alta, por isso, é mais seguro parar aos poucos.”
Nessa hora, vale segurar o apoio. A barra não deve ser usada o tempo todo, porém. Ela atrapalha o movimento natural e reduz a intensidade do exercício, diz Marcelo Bichels Leitão, diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte.
Outro dispositivo de segurança é a cordinha que deve ser prendida na roupa. Se a pessoa se afastar muito do painel, a corda puxa uma chave-geral que desliga a esteira. “Não evita o tombo, mas evita que a esteira continue funcionando e machuque mais a pessoa”, observa Cristante.
Para o gestor de academias Guilherme Moscardi, todos podem fazer esteira, mas pessoas com problemas ortopédicos, sedentários ou com problemas de equilíbrio, como labirintite, devem ter cautela.
Segundo o professor e biomecânico Júlio Serrão, quando bem orientada, a atividade na esteira é mais segura do que na rua. “Na rua há o risco de ser atropelado, o terreno acidentado. A esteira está levando uma má fama injustamente.” (Folhapress)