Sábado, 03 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 12 de agosto de 2023
Nesse domingo (13), faz um século que o hotel Copacabana Palace foi inaugurado na avenida Atlântica, no Rio. De lá para cá, a marca se consolidou como um dos ícones da cidade servindo de segunda casa para milhares de chefes de estado, celebridades e endinheirados de todo o mundo que, na hora de se hospedar, querem aproveitar tudo o que o luxo de um hotel desse porte pode oferecer.
Descendente de milionários, mas deserdado pela própria família, Octávio Guinle construiu o Copacabana Palace contando com uma generosa mesada que recebia da mãe, Guilhermina Coutinho da Silva Guinle (1854-1925), que acreditou na vocação do filho para o mercado hoteleiro. O fato curioso em torno do fundador do hotel reúne uma trama que inclui um casamento supostamente forçado com uma americana para se livrar da cadeia em Nova York e uma interferência direta do Vaticano, que anulou a união.
A história começa seis anos antes da morte do patriarca Eduardo Palassim Guinle (1846-1912), pai do fundador do Copa, quando Octávio se encontrava nos Estados Unidos para tratar de negócios da família. Desde 1888, os Guinle tinham uma concessão, válida por até 90 anos, para construir e operar o porto de Santos. Lá, acabou preso por “não honrar uma promessa de casamento”, segundo nota do Diário Español disponível nos arquivos on line da Biblioteca Nacional.
Segundo a nota, Monica Borden acusou Octávio Guinle de prometer se casar com ela, mas não cumprir, abandonando-a. A prisão ocorreu quando ele se preparava para deixar Nova York. Guinle acabou liberado da cadeia, e Monica, revoltada, pediu uma indenização de um milhão de dólares ao ‘’capitalista brasileiro.’’ Ela, no entanto, não sabia que Eduardo, pai de Octávio, havia decidido não deixar um centavo para o filho.
“Na realidade, deserdar Octávio também foi uma forma de evitar que Monica Borden ficasse com parte do dinheiro da família”, conta o historiador Clóvis Bulcão, autor do livro “Os Guinle: A história de uma dinastia”.
O fundador do Copa, então, abriu um processo na Santa Sé para anular o casamento, o que conseguiu em 1922. A partir daí, o dinheiro fluiu para o empreendimento:
‘’As primeiras providências de Octávio foram comprar uma quadra inteira na praia de Copacabana e lançar no mercado títulos resgatáveis da Companhia de Hotéis Palace, fundada para gerir seus negócios no setor’’, contou o jornalista Ricardo Boechat no livro “Copacabana Palace, um hotel e sua história”, lançado em 2003 para celebrar os 80 anos do empreendimento.
Adornados com lustres de de cristal com proporções monumentais e peças importadas de mármore, os corredores do hotel foram testemunha de inúmeras festas, encontros de estado e até crimes, como no caso do atentado ao presidente do Brasil, Washington Luís, baleado no hotel em 1928, pela sua amante, a socialite italiana Elvira Vishi Maurich.
Celebridades
Ao longo dos anos, a edificação se tornaria um símbolo do luxo carioca, que atrairia endinheirados do mundo todo. Entre jantares exclusivos com menus assinados por chefes estrelados e regados a champagne Veuve Clicquot, o espaço recebeu integrantes da realeza, como a rainha Elizabeth e seu marido Philip, o duque de Edimburgo, da Princesa Diana e do então príncipe Charles (atual rei da Inglaterra), lendas do rock, como Janis Joplin, e estrelas do cinema, como Brigitte Bardot.