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Brasil De olho no coronavírus, o Brasil faz o primeiro censo de vacinas em 14 anos para saber como está a imunização no País

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A doença está oficialmente eliminada do Brasil e das Américas, desde 1994; baixa cobertura facilita possível reintrodução da paralisia infantil. (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

O Brasil espera ansiosamente em 2021 a chegada de vacinas para conter a pandemia do novo coronavírus. Mas o ano começa com um acerto de contas com outras e antigas doenças. Neste mês, pesquisadores do primeiro censo de vacinas no País em 14 anos vão bater à porta de famílias de Norte a Sul para descobrir a quantas anda a nossa vacinação.

Mesmo tendo um dos melhores programas de imunização do mundo, o País tem visto a cobertura vacinal cair drasticamente. Metade das 15 vacinas do calendário infantil não alcança a meta desde 2015, inclusive a da poliomielite. Com o resultado desse censo, poderão ser traçadas estratégias para reverter uma tragédia que levou ao retorno do sarampo.

A epidemiologista Carla Domingues, que por oito anos (de 2011 a 2019) esteve à frente do Programa Nacional de Imunizações (PNI), agora coordena, sob encomenda do Ministério da Saúde, com o professor José Cassio de Moraes, este novo Inquérito de Cobertura Vacinal.

A seguir, a epidemiologista dá detalhes do projeto:

Três mil crianças

“O inquérito vacinal é como um censo. Além de avaliar as coberturas, vai buscar informações sobre os motivos da não vacinação. O trabalho será feito numa primeira etapa com 3 mil crianças das capitais brasileiras. A opção foi por nascidos em 2017, pois esse período abarca todo o calendário vacinal infantil, que deve ser concluído aos 2 anos de idade. O critério de seleção das famílias será censitário, com sorteio de endereços.”

Vacinação no Brasil

“O último inquérito foi realizado em 2007. O Brasil só tem estimativas e precisa urgentemente de dados reais e atualizados porque isso impacta na estratégia de cobertura. A gente não sabe de fato quantas pessoas são vacinadas no País.”

Dados confusos

“Há muita confusão. Uma pessoa que tenha se mudado e se revacinado pode contar como dois indivíduos. Se ela perde a caderneta, tem que ser revacinada. Temos municípios com 300% de cobertura para algumas vacinas, o que sabemos que não pode ser verdade.”

Cadastro único

“Até hoje o Brasil não tem um cadastro nominal único em todo o território. Além disso, 3% das salas de vacinação ainda não são informatizadas. Um cadastro completo trará imenso benefício e vai mostrar onde está a população não vacinada.”

Queda da cobertura

“A cobertura de todas as vacinas caiu nos últimos quatro anos, inclusive a BCG, que protege contra a tuberculose e é aplicada ainda na maternidade. Isso impressiona muito. O inquérito busca responder o porquê. Temos hipóteses, que atuam juntas. Há problemas de acesso, distribuição e convicção.”

Ameaça esquecida

“As novas gerações não conviveram com o terror do sarampo e da pólio, como a minha, que abraçou as vacinas como dádiva, uma salvação. A imunização foi tão bem-sucedida que essas doenças foram controladas e as pessoas perderam o medo delas. Mas, quando a vacinação cai, as doenças voltam. Foi o que vimos acontecer tragicamente com o sarampo.”

Grupos antivacina

“A ação dos grupos antivacina é nociva. Eles fazem campanhas criminosas contra a saúde pública, assustando com mentiras, semeando o pânico. E somam-se a eles as fake news, que são espalhadas não apenas pelos ativistas antivacina. Há também muita desinformação geral.”

Infraestrutura

“Há dificuldade de acesso aos postos de vacinação em muitas partes do País. Distância, problemas no funcionamento e na oferta de doses, horários incompatíveis, tudo isso impacta muito.”

Mães e filhos

“Uma criança de até 2 anos tem que ser levada pelo menos dez vezes ao posto de vacinação. Ela precisa tomar 15 vacinas, de 30 a 40 doses no primeiro ano de vida. Muitos pais não conseguem porque os postos funcionam no horário em que estão no trabalho. Às vezes uma mãe percorre distâncias enormes, gasta dinheiro que não tem com a passagem e quando chega no posto não há funcionários ou falta tal vacina. Por vezes, essa mãe não volta.”

Automação

“Se o sistema fosse informatizado, poderia haver, por exemplo, mensagens automáticas de WhatsApp para lembrar uma mãe que ela precisa levar o filho para tomar determinadas doses. A verdade é que sem automação será impossível para o Brasil acompanhar a cobertura vacinal. E isso é crítico nesse momento de pandemia. Com o sistema informatizado, muito tempo seria economizado agora para cadastrar as pessoas.”

Cronograma

“Vamos coletar dados em janeiro e esperamos ter resultados parciais após três meses de análises. Pedimos a colaboração da população. Por favor, recebam em casa os entrevistadores.”

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