Sexta-feira, 12 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 11 de setembro de 2025
Em contraste com a alta de 0,26% em julho, a deflação de agosto veio abaixo da mediana das projeções do mercado
Foto: Marcello Casal Jr./Agência BrasilAnalistas do mercado financeiro afirmaram que o resultado de agosto do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) reforça uma trajetória “benigna” da inflação, embora tenha surpreendido em determinados segmentos específicos. No panorama geral, eles avaliaram que a deflação foi influenciada por fatores temporários, principalmente a redução nos preços da energia elétrica devido a descontos pontuais.
Em contraste com a alta de 0,26% em julho, a deflação de agosto veio abaixo da mediana das projeções do mercado, que apontava para uma queda de 0,16%.
Alexandre Maluf, economista da XP Investimentos, observa que, apesar da deflação menos intensa, a leitura não muda a perspectiva da instituição para o ano. Ele mantém a projeção de 4,8% para 2025, citando que “houve grande surpresa altista nos bens industriais”, uma vez que o programa Carro Sustentável, que isentou alguns veículos de impostos, não resultou em quedas de preços tão significativas como esperado.
“A leitura não muda nossa perspectiva para o ano, vamos manter nossa projeção de 4,8% para este ano e 4,5% para 2026. Destacamos que essa leitura deve tirar o ímpeto do mercado daqueles que começavam a migrar para em torno de 4,5% até abaixo de 4,5%”, comentou ele.
Flavio Serrano, economista-chefe do Banco BMG, destaca os desafios futuros, afirmando que a melhoria nas métricas qualitativas do IPCA deve enfrentar um contexto mais adverso nos próximos meses.
Leitura de agosto não altera perspectiva de inflação projetada para o fim do ano, dizem analistas
“Na ponta até melhorou; a questão é ver se será mantida”, afirmou Serrano, além de prever que a reversão em itens como alimentos e energia pode prejudicar a tendência benigna observada em algumas aberturas do índice.
Para Serrano, que esperava deflação de 0,13% do índice, o resultado veio bastante em linha e não altera a expectativa de IPCA de 4,8% no fim do ano.
Por outro lado, Leonardo Costa, economista do ASA, disse que os efeitos temporários mas c a r a m a verdadeira dinâmica inflacionária. “O núcleo veio poluído: descontos passageiros em recreação ( semana do cinema) reduziram artificialmente o índice e devem pressionar o IPCA de setembro.” No entanto, mesmo sem esses descontos temporários, os serviços mostram uma leve desaceleração.
Costa afirmou, porém, que mesmo expurgando os descontos o núcleo de serviços mostraria desaceleração (0,43% em vez de 0,34%), levando a média móvel de 3 meses para 5,96% (de 6,08%). “Esse alívio, no entanto, tende a ser temporário, já que os serviços permanecem pressionados pela demanda doméstica.”
Apesar dessas nuances, o Itaú Unibanco afirmou em relatório que os dados reforçam a expectativa do banco de aceleração nos serviços subjacentes até o final do ano. “O alívio em serviços subjacentes no IPCA do mês passado é temporário”, disse o banco.
No campo das projeções para política monetária, a Capital Economics acredita que a pequena queda do IPCA dificilmente mudará o tom do Banco Central. “Os juros serão mantidos em 15%”, afirma a consultoria, prevendo, contudo, espaço para redução da Selic no início de 2026. (Com informações do jornal O Estado de S. Paulo)