Sábado, 27 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 2 de julho de 2019
Delegados federais fazem um protesto na tarde desta terça-feira (02), na Câmara dos Deputados, a fim de pressionar o governo a incluir regras mais brandas para policiais na reforma da Previdência. Sentados no chão, eles chamam o presidente Jair Bolsonaro de traidor. Além disso, parte da bancada do PSL – partido do presidente – ameaça não votar o texto tanto na comissão especial quanto no plenário da Câmara dos Deputados. Esses parlamentares – ligados ao setor de segurança pública – querem incluir mudanças na complementação de voto que relator, Samuel Moreira (PSDB-SP) deve apresentar na comissão especial da Casa, a partir das 16h.
Na noite desta segunda-feira, o líder do governo na Câmara dos Deputados, deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO), esteve com o presidente da Casa, Rodrigo Maia, e o relator da reforma da Previdência (PEC 6/2019), Samuel Moreira (PSDB-SP), para tentar negociar uma regra de transição mais amena para a aposentadoria de policiais federais e policiais rodoviários federais.
Segundo ele, a ideia não é tumultuar o processo de negociação, mas evitar que o partido tenha que apresentar destaques ao texto do relator, o que atrapalharia ainda mais a votação. Ele defendeu que, com as mudanças em favor dos policiais federais, a economia gerada com a reforma da Previdência seria reduzida em 4 bilhões de reais, em dez anos.
“Queremos influenciar a complementação de voto de Samuel para atender à especificidade dos policiais. Dessa forma, não precisaremos apresentar destaque no momento da votação”, declarou.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, já se manifestou contra a alteração pleiteada pelos policiais e defendida por parte do PSL, porque, segundo ele, isso pode desidratar a reforma, cuja economia prevista em uma década seria em torno de 1 trilhão de reais.
Nem todos os 22 deputados do PSL, no entanto, defendem as regras mais brandas para os policiais federais. O partido já estaria considerando a possibilidade de liberar a bancada para a votação em plenário, se o impasse permanecer.
Bolsonaro
Questionado nesta terça-feira sobre o protesto de policiais que querem condições diferenciadas na reforma da Previdência , o presidente Jair Bolsonaro disse que esta questão está sendo negociada, mas que “todo mundo vai ter a sua cota de sacrifício”. Ele ainda chamou de natural o que classificou como “lobby”.
“Está sendo negociado. Liguei para o [Maurício] Valeixo, o DG (diretor-geral) da Polícia Federal. Estamos tratando do assunto, é natural os lobbies, mas todo mundo vai ter a sua cota de sacrifício, como as Forças Armadas tiveram”, declarou Bolsonaro.
O presidente disse ainda que a inclusão de estados e municípios na proposta também está em negociação, mas ponderou que “essa discussão mudou de campo”.