Sexta-feira, 28 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 6 de julho de 2018
O dólar comercial caiu mais de 1% nessa sexta-feira, após fechar, na véspera, na cotação máxima desde março de 2016. Com isso, a moeda norte-americana devolveu toda a valorização ante o real que acumulava na semana.
A moeda norte-americana recuou 1,65%, cotada a R$ 3,87. Na semana, a queda foi de 0,48%. O dia foi de menor volume de negócios devido ao jogo da Seleção Brasileira no Mundial, iniciado às 15h. Nessas ocasiões, o mercado tende a ficar ainda mais volátil. Na máxima do dia, o dólar chegou a ultrapassar os R$ 3,95; na mínima, foi a R$ 3,8630.
A disparada ocorreu após a divulgação de dados do mercado de trabalho americano, mas o mesmo conjunto de informações fez com que a moeda passasse a cair logo em seguida.
Os Estados Unidos criaram mais postos de trabalho que o esperado em junho, mas a taxa de desemprego subiu de 3,8% para 4%. Os salários avançaram 0,2%.
Outra notícia que seguirá no radar de investidores, a guerra comercial entre Estados Unidos e China, materializou-se nessa sexta-feira com a entrada em vigor das tarifas impostas pela Casa Branca a produtos chineses. Prevista há meses, as taxas não mudaram a direção do câmbio e nem das Bolsas.
De uma cesta de 24 moedas emergentes, o dólar se desvalorizou em relação a 21 delas e avançou sobre três. O real, por sua vez, foi a que mais avançou no dia.
No mercado interno, as notícias econômicas da semana vieram em linha com o esperado pelo mercado. Reflexo da paralisação dos caminhoneiros, a inflação de junho foi 1,26%, a maior em um mês desde 2016. O tombo de mais de 10% na produção industrial também já esperado pelo mercado financeiro.
Lucros
Operadores apontam que a queda global do dólar hoje abriu espaço para uma realização de lucros por aqui. “É mais um dia de alta firme das bolsas americanas e valorização das moedas emergentes. Tem uma hora que as compras de dólar ante o real não aguentam e o mercado brasileiro também é arrastado”, diz um consultor.
As oscilações mais acentuadas por aqui também são atribuídas a uma redução de liquidez à tarde, por causa do jogo da Seleção Brasileira no Mundial. A trégua veio, principalmente, com os números de ganhos salariais por hora trabalhada. O avanço no mês de junho foi de 0,2%, ficando ligeiramente aquém das expectativas.
Sem um salto firme no resultado, a leitura de parte do mercado é que a inflação por lá ainda sobe de forma gradual, reduzindo as preocupações com um aperto monetário mais duro nos Estados Unidos.
Por ora, a tendência segue de alta, diz o operador Cleber Alessie Machado, da H.Commcor. “É difícil ver a cotação abaixo de R$ 3,85 de forma consistente”, diz. Olhando mais para frente, o nível de equilíbrio não parece ser de R$ 4 ou mais. “Eleição obviamente dificulta, mas não vencendo um populista e contrário a reformas as coisas se acalmam.”
O Itaú Unibanco revisou sua projeção para o câmbio no fim de 2018 e 2019 para R$ 3,90, ante estimativa anterior, de R$ 3,70. A mudança reflete a “reprecificação” de risco ocorrida na economia brasileira no último mês, principalmente porque a reforma da Previdência não foi aprovada, segundo relatório distribuído nesta manhã.