Sexta-feira, 06 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 4 de junho de 2025
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) disse, nessa quarta-feira (4), que a determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pela sua prisão preventiva é “ilegal, inconstitucional e autoritária”. A parlamentar deixou o País após ser condenada pela Corte e está nos Estados Unidos. Ela disse que pretende seguir para a Itália.
“A decisão que determina minha prisão é ilegal, inconstitucional e autoritária. Nossa Constituição é clara: um deputado federal só pode ser preso em flagrante e por crime inafiançável. Nada disso ocorreu”, disse Zambelli por meio de nota.
Moraes ordenou a prisão imediata da deputada e a inclusão do nome dela pela Polícia Federal na lista vermelha da Interpol. “Lamentavelmente, o intuito criminoso de Carla Zambelli permanece ativo e reiterado, insistindo a condenada — mesmo que de modo atabalhoado e confuso — na divulgação de notícias fraudulentas, no ataque à lisura das eleições e nas agressões ao Poder Judiciário”, escreveu.
O magistrado também ordenou o bloqueio dos passaportes, incluindo o passaporte diplomático que ela obteve por ser deputada; suspensão de salários e outras verbas, bens, ativos e contas bancárias, incluindo Pix; bloqueio de veículos eventualmente em nome dela; bloqueio dos canais e perfis em redes sociais; além de multa diária de R$ 50 mil contra a deputada por postagens que “reiterem as condutas criminosas”.
“O ministro Alexandre de Moraes determinou o bloqueio da conta de Instagram do meu filho, João Zambelli, um jovem de apenas 17 anos que está iniciando sua trajetória na vida pública. Com isso, não atacou apenas a deputada ou a cidadã Carla Zambelli. Ele atacou uma mãe”, alegou Zambelli.
Deputada condenada
No mês passado, Zambelli foi condenada por unanimidade pela Primeira Turma do STF pela invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Os ministros definiram 10 anos de prisão para a parlamentar, além da perda de mandato, inelegibilidade e pagamento de multa.
Segundo a investigação, os réus teriam invadido seis sistemas do Judiciário por 13 vezes. Eles inseriram 16 documentos falsos, incluindo um mandado de prisão contra Alexandre de Moraes e ordens para quebra de sigilo bancário e bloqueio de bens do magistrado. A PGR atribuiu 10 crimes à parlamentar, suspeita de ser a mandante das ações criminosas.
Cooperação
Apesar de a parlamentar ter cidadania italiana, o Brasil mantém acordo de cooperação jurídica em matéria penal com a Itália. Por esse motivo, caso o STF acate o pedido da PGR, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) deverá contatar as autoridades estrangeiras para, conforme o acordo entre os países e a legislação italiana, solicitar o cumprimento da decisão na Itália.
“Eles vão tentar me prender na Itália, mas eu não temo, porque sou cidadã italiana e lá eu sou intocável, a não ser que a justiça italiana me prenda”, desafiou, em entrevista à CNN Brasil. “Se tenho passaporte italiano, eles podem colocar a Interpol atrás de mim, mas não me tiram da Itália. Não há o que possam fazer para me extraditar de um país que eu sou cidadã.”
Ao tomar conhecimento da situação, o então advogado de defesa da deputada, Daniel Bialski, deixou o caso. “Por motivo de foro íntimo, estou deixando a defesa da deputada”, declarou. (Com informações do Correio Braziliense)