Segunda-feira, 03 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 19 de junho de 2015
O deputado paulista Celino Cardoso (PSDB), que foi chefe da Casa Civil na gestão Mário Covas (1999-2000), é sócio de um ex-delegado da Receita Estadual de São Paulo investigado em suposto esquema de corrupção.
O agente fiscal de renda e ex-delegado Maurício Dias foi afastado do comando da Delegacia Tributária do Tatuapé (Zona Leste) sob suspeita de participar de esquema que cobrava propina de empresários e de montar empresas que visavam dar aspecto legal ao dinheiro do suborno, segundo investigação da Promotoria.
Documentos da Junta Comercial do Estado de São Paulo mostram que ele é sócio do deputado estadual do PSDB em quatro dessas empresas que são alvo da investigação.
Agora, os promotores tentam saber se essas empresas foram usadas pelo ex-delegado tributário para lavar dinheiro – e se ele tem patrimônio compatível com a renda.
O deputado Celino Cardoso, que se diz amigo do fiscal, não faz parte da apuração, mas defende a inocência do sócio.
A investigação do Ministério Público da qual Maurício Dias é alvo desmontou uma quadrilha de funcionários do fisco paulista que supostamente cobrava propina de empresas em troca de abater dívidas e multas tributárias.
O ex-delegado foi afastado em 2013, logo após operação de busca pelos promotores –que devem concluir a investigação no segundo semestre.
No geral, esse esquema pode ter custado mais de R$ 2,7 bilhões aos cofres públicos, em especial ao abater dívidas de ICMS em troca de propina.
Segundo documentos da Junta Comercial, o deputado e o fiscal formaram sociedades para a construção de prédios de apartamentos residenciais em Bragança Paulista, Hortolândia e Campinas.
Ao todo, o capital declarado desses quatro empreendimentos soma R$ 9 milhões.
O deputado e o fiscal têm outros sócios nesses empreendimentos, como as construtoras dessas obras.
Num deles estão sendo construídos mais de 300 apartamentos, segundo o deputado. Em outro, 162. Um terceiro tem 176 apartamentos já prontos, diz Cardoso.
O quarto, em Campinas, está parado por problemas na liberação da obra –o projeto prevê oito prédios.
Outro lado
O deputado Celino Cardoso diz que é amigo do ex-delegado Maurício Dias e padrinho de um de seus filhos. “Eu conheço o caráter e a índole dele. Isso que estão dizendo [suspeita de corrupção] não é verdade”, afirma.
Cardoso diz que partiu dele o convite para que Dias participasse dos empreendimentos imobiliários. “Quando a gente tem um negócio e a gente não tem dinheiro para fazer sozinho, a gente chama quatro, cinco amigos para fazer”, disse o deputado.
“É uma coisa legal no nosso país você compor uma sociedade.” O tucano acrescentou: “Se existisse alguma coisa errada, ele jamais iria colocar no nome dele”.
Em nota, Maurício Dias disse que “tudo é feito às claras”. “Os contratos estão registrados na Junta Comercial e todas as informações devidas foram regularmente prestadas às autoridades competentes.”
Ele diz que nunca ocupou qualquer função por indicação política e que jamais cometeu qualquer ato ilícito no exercício de suas funções.
A Secretaria da Fazenda, por meio de nota, afirmou que Maurício Dias foi afastado de suas funções e que a Corregedoria Geral da Administração investiga o caso. (Wálter Nunes/Folhapress)