Sábado, 04 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 8 de fevereiro de 2018
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
O debate na Assembleia Legislativa sobre o projeto do Regime de Recuperação Fiscal começou às 18h de ontem e só terminou às 4h30min de hoje com a aprovação. Foram 30 votos a favor e 18 contrários.
O deputado Nelsinho Metalúrgico, do PT, foi o primeiro a se manifestar na tribuna. Anunciou que o uso de todos os recursos para prolongar a sessão. Não errou na previsão.
Até as 20h15min, deputados da oposição se sucederam em pronunciamentos de cinco minutos cada. Declararam que o governo nega o diálogo; a renegociação tornará a dívida impagável; o projeto é um cheque em branco para o Executivo e o resultado acabará anulado na Justiça.
O deputado Juliano Rosso, do PC do B, olhou para trás, elogiando as gestões dos governadores Jair Soares, Pedro Simon, Alceu Collares, Olívio Dutra, Germano Rigotto e Yeda Crusius. Para Antônio Britto e José Ivo Sartori, fortes críticas.
Não faltou uma provocação: a deputada Juliana Brizola convidou a base aliada para defender o projeto.
Quanto será pago
O rodízio de intervenções de parlamentares do PT, do PC do B e do PSol teve uma pausa com o pronunciamento de Luis Augusto Lara, do PTB. Ele condicionou seu voto a uma exigência: que a aprovação não impeça a continuidade de ações contra a União. Queria também saber qual será o valor da dívida quando o Estado voltar a pagar.
Sempre alerta
Entre 18h e 20h, a oposição encaminhou oito pedidos de verificação de quorum. Depois, a cada 15 minutos, a iniciativa se repetiu. A intenção era pegar de surpresa os governistas. Se o placar eletrônico apontasse menos de 28 deputados da base aliada, a sessão seria suspensa. A oposição não registrou presença.
Primeira reação
Só às 21h20min, um deputado do bloco governista foi à tribuna. Marcel van Hattem fez fortes críticas à postura protelatória da oposição. Também acusou Pedro Ruas de ter agido de má fé, liderando a ação no Judiciário para impedir a votação do projeto. O deputado do PSol anunciou que entrará contra Marcel na Comissão de Ética.
Uma guerra
Nas galerias da Assembleia, viu-se um ditado lamentável posto em prática: odiai-vos uns aos outros. Atitude que tumultuou a sessão de ontem.
Munição tardia
O que ficou evidente: mesmo que a oposição tenha razão em muitos de seus argumentos, deveria ter montado a trincheira de críticas em novembro do ano passado. O governo tem pressa e nisso teve apoio da sua base. Ontem, a artilharia veio tardiamente.
Começou a campanha
A sessão tensa de ontem foi o primeiro ato da sucessão estadual. O Regime de Recuperação Fiscal será tema de fundo da campanha eleitoral. É uma garantia prévia de que os candidatos não tratarão apenas sobre o giro dos anéis de Saturno. Debater a questão financeira representará um ganho da população.
Proposta inviável
Governadores recusam-se a avaliar se o sistema previdenciário é financeiramente sustentável e justo do ponto de vista social. Porém, admitem apoiar a reforma, pressionando suas bancadas na Câmara dos Deputados. Em troca, querem que o governo federal assuma a dívida dos sistemas previdenciários estaduais, que se aproxima de 500 bilhões de reais.
Não há possibilidade de ser aceita. A União não pode assumir o rombo que é consequência da irresponsabilidade dos estados.
Retrato do desleixo
Os governos do Distrito Federal, por estarem perto do cofre do Ministério da Fazenda, em Brasília, nunca tiveram dificuldades financeiras. Era pedir e ganhar. Gastaram sem limite. Agora, desabou um viaduto, cujos problemas eram conhecidos há bastante tempo. A alegação é de que faltou dinheiro para a manutenção. Absurdo.
Os opostos
Do imortal Millôr Fernandes: “Os socialistas são contra o lucro. Os capitalistas são apenas contra o prejuízo.”
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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