Quinta-feira, 16 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 23 de julho de 2019
Uma pesquisa genética revelou que uma enzima especializada em queimar gordura, se inibida, pode aumentar a longevidade e a qualidade de vida na velhice. O estudo foi publicado nesta terça-feira (23) na revista científica “Cell Reports” e foi conduzido pelo biólogo Hugo Aguilaniu, diretor-presidente do Instituto Serrapilheira.
Uma equipe do CNRS (Centro Nacional de Pesquisa Científica, na França) coordenada por Aguilaniu fez experimentos submetendo o nematoide C. elegans a restrição calórica na presença de oito lipases, enzimas que queimam gordura.
O trabalho identificou que a lipase LIPL-5 permite que a gordura seja “metabolisada” mais rapidamente e limita o aumento da longevidade causada pela restrição calórica. Entretanto quando os pesquisadores inibiram artificialmente/geneticamente a LIPL-5, a longevidade do nematoide aumentou aproximadamente 80% – em comparação a 45% das demais lipases –, e a queima calórica perdeu velocidade.
A pesquisa utilizou técnica para simular aplicações em seres humanos. Como a LIP-5 tem sequência genética muito parecida com a da lipase humana LIPF, os resultados apontam que podem ter impacto na longevidade humana.
“Os dados sugerem a possibilidade de ter um impacto significativo na longevidade e na qualidade de vida na velhice, se essa lipase for inibida. Assim, é maximizado o impacto positivo da restrição calórica sobre a expectativa de vida e limitada a perda de gordura [o que é positivo na velhice]”, observou Aguilaniu, pesquisador do CNRS e da École Normale Supérieure de Lyon.
A descoberta pode no futuro propiciar o surgimento de um medicamento que iniba a enzima e aumente a expectativa de vida de forma considerável, potencializando os benefícios da restrição calórica na longevidade do ser humano e na qualidade de vida.
Outro estudo
A resistência à insulina (hormônio que ajuda o açúcar a entrar nas células) e esteatose hepática (gordura no fígado) são características relacionadas à pré-diabetes, que se não forem tratadas podem levar ao desenvolvimento do tipo 2 da doença.
No entanto, cientistas descobriram que ao desativarem uma enzima chamada DES1, que normalmente remove os hidrogênios finais de um lipídio chamado ceramida. O estudo foi publicado na revista científica Science e feito por pesquisadores da Universidade de Utah, nos Estados Unidos. Com isso, os cientistas podem começar a desenvolver medicamentos que atuem nessa enzima ou lipídio, desenvolvendo novas terapias.
“Nós identificamos uma potencial estratégia terapêutica que é notavelmente eficaz, e ressalta como sistemas biológicos complexos podem ser profundamente afetados por uma mudança sutil na química”, disse Scott Summers, presidente de Nutrição e Fisiologia Integrativa da Universidade de Utah e co-autor sênior no estudo.