Por Redação O Sul | 30 de novembro de 2020
Números preliminares são do Programa de Monitoramento da Amazônia e Demais Biomas, chamado de Prodes.
Foto: Wilson Dias/Agência BrasilDe acordo com números oficiais do governo federal divulgados nesta segunda-feira (30) pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a área da Amazônia desmatada entre agosto de 2019 e julho de 2020 foi de 11.088 km², equivalente a quase duas vezes o Distrito Federal (5.802 km2). Conforme o instituto, o aumento é 9,5% maior em relação ao período anterior (agosto de 2018 a julho de 2019), que registrou 10.129 km² de área desmatada.
Em um evento na sede do Inpe, o vice-presidente Hamilton Mourão, que preside o Conselho da Amazônia, afirmou que o combate ao desmatamento com o emprego das Forças Armadas começou “atrasado”, mas ele defende que surtiu efeito, já que as estimativas indicavam aumento de 20% e o número ficou em 9,5%.
“Nao estamos aqui para comemorar nada disso, que isso não é para comemorar, mas significa que os esforços que estão sendo empreendidos começam a render frutos”, disse o vice-presidente. Ele frisou que 85% do desmatamento ocorre em quatro estados (Pará, Mato Grosso, Amazonas e Rondônia). “Temos consciência de qual é a área que devemos atuar”, afirmou.
“São dados auditados, que tem por trás deles um trabalho muito intenso”, disse o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, também presente ao anúncio.
O Conselho Nacional da Amazônia Legal concentra, junto com outros ministérios e órgãos federais, a articulação, a execução e o planejamento estratégico para as ações na Amazônia Legal como combates ao desmatamento, atividades de repressão, resgate, salvamento e outras iniciativas para garantir a ordem e sustentabilidade da floresta.
No evento, onde foram apresentados os números preliminares do Programa de Monitoramento da Amazônia e Demais Biomas, chamado de Prodes. O projeto realiza o monitoramento por satélites do desmatamento por corte raso na Amazônia Legal e produz, desde 1988, bem como as taxas anuais na região que são usadas pelo governo brasileiro para o estabelecimento de políticas públicas. As taxas anuais são estimadas a partir dos incrementos de desmatamento identificados em cada imagem de satélite que cobre a Amazônia Legal. A primeira apresentação dos dados é realizada em dezembro de cada ano, na forma de estimativa. Os dados consolidados são apresentados no primeiro semestre do ano seguinte.
A gestão do presidente Jair Bolsonaro e do ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles é criticada na área. No ano passado Salles afirmou que pretendia eliminar o desmate ilegal com o estabelecimento de “estratégias”, mas, ao longo do tempo o que foi feito foi enfraquecera atuação do Ibama na fiscalização, levando o tema a ser alvo de ação na Justiça Federal. Além disso foi facilitada a exportação de madeira ilegal e há questionamento de países que cobram a eliminação do desmatamento das cadeias de produtos agrícolas vendidos para a Europa. Empresas também cobraram a redução do desmate para manter negócios com o Brasil,
O governo aposta na presença do Exército, embora operação seja mais cara do que a presença dos fiscais. Também foi incentivada a ação de garimpeiros na região, além de outros pontos geradores de críticas. Entre eles os R$ 2,9 bilhões do Fundo Amazônia, antes usados também em ações de fiscalização, atualmente paralisados.