Sábado, 03 de maio de 2025
Por Tito Guarniere | 3 de maio de 2025
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
A fraude monumental dos descontos não autorizados nas folhas de aposentados e pensionistas do INSS era uma lambança anunciada. Desde 2023 organismos de controle como o Tribunal de Contas da União e o Controladoria Geral da União (CGU) já haviam advertido o governo que estava em curso uma dessas jabuticabas que costumam brotar nos terrenos férteis do serviço público brasileiro – e como sempre, causando prejuízos às classes mais desvalidas.
É verdade que as operações já haviam começado antes, no governo Bolsonaro. Mas o governo Lula, logo no seu início, havia sido advertido da falcatrua,que, em essência, constituía em descontos nas folhas de aposentadorias e pensões em gozo, de valores que se desviavam em favor de entidades meio pelegas, pouco conhecidas e transparentes, quase fictícias, sem a autorização dos supostos interessados. Era como se roubassem uma parcela, como se separassem uma parte dos valores dos benefícios para favorecer aquelas “entidades”, a rigor sem nenhuma contrapartida das mesmas.
O dinheiro ia inflar as contas bancárias e os bolsos de intermediários, espertalhões que proliferam em todo lugar, e que ficam à espreita para instalar os seus “negócios”, aproveitando-se de brechas legais e sobretudo do desleixo como o setor público trata dos assuntos de sua alçada, quando não é por cumplicidade.
Parece claro que o ministro Carlos Lupi está envolvido, senão pessoalmente, por omissão. Deve ter sabido de tudo – e se não soubesse tinha o dever de saber – e ficou por isso mesmo, até que o buraco de recursos transferidos dos beneficiários para vigaristas alcançou a casa dos R$-8 bilhões. Vejam bem, são bilhões, não milhões.
Está bem que a arapuca foi armada no governo anterior. Mas repito : os indícios já corriam soltos, como advertências explícitas, por escrito, do TCU e CGU, devidamente protocoladas, e que existem exatamente para essa finalidade. Começou com Bolsonaro, não parou e ganhou tração com Lula e Lupi, e só parou agora com ação da Polícia Federal, quando o valor chegou à cifra alarmante.
É possível estimar que dos R$- 8 bilhões calculados do prejuízo total , ao menos R$-6 bi foram durante o governo de Lula. Não há como passar o pano, relativizar, achar desculpas do tipo daquela que diz que foi a PF de Lula quem descobriu e que o presidente, sem pestanejar, demitiu o presidente do INSS, Alessandro Stefajuto, digo, Stefanutto. Para não ser uma medida meia-boca, a demissão deveria alcançar também o ministro Lupi, assinalam vários analistas.
Lupi é o mesmo que prometeu acabar com as filas represadas de benefícios do INPS em um ano, e que passado esse tempo, as filas só deram uma nova volta no quarteirão.
Note-se que , no caso, o prejuízo é de humildes aposentados e pensionistas, público supostamente preferencial do PT, de Lula, da esquerda. Ao que parece a preferência é meramente retórica – pois na prática são eles que pagam a conta.
Fico a imaginar se fosse o contrário, se o escândalo tivesse estourado no governo Bolsonaro. O chão se abriria em cratera e desabaria o céu, tal o barulho que as esquerdas iriam fazer. E com razão.
titoguarniere@terra.com.br
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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