Terça-feira, 17 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 7 de março de 2025
Os médicos no Brasil ganham, em média, R$ 19.907 por mês. Entretanto, o salário das mulheres é 22,6% menor que o dos homens: R$ 22.669,86 para eles contra R$ 17.535,32 para elas, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Research Center da Afya.
A pesquisa constatou que os homens trabalham, em média, mais horas semanais do que as mulheres: 54,3 horas por semana versus 47,4 horas por semana. No entanto, isso não justifica a diferença salarial, visto que o valor da hora semanal de trabalho entre os médicos é R$ 417, enquanto para as médicas é de R$ 370, uma diferença de R$ 48 na hora semanal de trabalho, equivalente a 11,4%.
A renda líquida mensal dos médicos é maior independentemente do grau de formação. A diferença fica maior entre os especialistas, com uma diferença de 22,4%. Essa disparidade salarial persistente sugere que, mesmo com qualificações iguais ou até superiores, as mulheres, continuam enfrentando barreiras que limitam sua ascensão profissional e financeira.
“A diferença salarial entre homens e mulheres na classe médica não fica escondida. Mas antes poderíamos atribuir ao fato da mulher ter múltiplas jornadas impostas pela sociedade, o que faria com que elas trabalhassem menos horas e por isso ganhassem menos. De fato, a mãe de família tem que dedicar menos horas ao trabalho, mas isso não explica tudo. Quando analisamos a média salarial por hora trabalhada, a remuneração masculina é maior que a feminina”, diz Eduardo Moura, médico e diretor de pesquisa do Research Center da Afya. “É algo que tem que ser analisado com mais profundida e entender como podemos reverter esse quadro porque a medicina está se tornando mais feminina.”
Em todas as faixas etárias, a renda masculina é superior à feminina, a menor diferença ocorre entre 46 e 55 anos (8,1%), sugerindo um maior equilíbrio salarial nessa faixa. Entre as regiões de atuação, a menor diferença entre os gêneros foi observada na região Sul, com 15,4%. Nas demais regiões, os homens apresentam rendimentos superiores, com uma disparidade que varia entre 22% e 24%.
Jornada de trabalho
Médicos com filhos trabalham, em média, 55,2 horas por semana, enquanto médicas com filhos dedicam 46,7 horas semanais ao trabalho. Essa diferença se acentua ao analisarmos a relação entre estado civil e carga horária. Entre os profissionais casados ou em união estável, os homens trabalham 55,4 horas semanais, enquanto as mulheres trabalham 45,9 horas, sugerindo uma possível sobrecarga com responsabilidades domésticas para as mães.
Já entre as médicas divorciadas ou separadas com filhos, a jornada de trabalho remunerado sobe para 50,7 horas por semana, o que pode refletir a necessidade de equilibrar a carreira com as responsabilidades familiares.
Perfil demográfico
A pesquisa apresenta um perfil balanceado entre os gêneros feminino e masculino. A maioria dos respondentes está na faixa etária de 26 a 35 anos (55,7%), seguida pelo grupo de 36 a 45 anos (22,6%).
Em relação ao estado civil, quase metade dos participantes são solteiros (47,3%), enquanto 47% são casados ou vivem em união estável. Além disso, 65,7% não possuem filhos, e entre os que possuem, a média é de dois filhos por família.
Quanto à formação, 52,5% dos médicos concluíram a graduação há até 5 anos, com uma média de 9,5 anos de formação entre os participantes. Sobre a especialização, 39,2% não possuem nenhuma especialização em andamento ou concluída, enquanto 42,2% já concluíram pelo menos uma especialização. Atuam em sua maioria, na região Sudeste, 47,7%, seguido pela região Nordeste e Sul com 19,1% cada.
A pesquisa foi realizada entre os dias novembro de 2024 e janeiro de 2025. Os participantes foram recrutados por meio de convite enviado por e-mail marketing para as bases de médicos da Afya, totalizando 2.637 respostas ao final do projeto. As informações são do jornal O Globo.