Quinta-feira, 18 de abril de 2024
Por adm | 20 de setembro de 2019
Ao recuar da intenção de venda de ações do Banrisul, o governo do Estado conheceu ontem o outro lado da moeda. Os operadores financeiros costumam chamar, jocosamente, de a face cruel do mercado. A regra não é feita pelo vendedor, ainda mais quando esse precisa do dinheiro às pressas. No jogo, manda o comprador, que baixa o valor quando quer. Foi o que assustou o governo. A Bolsa de Valores terminou, ontem, com queda de 0,18 por cento. Por ironia, depois de cancelada a venda, as ações do Banrisul tiveram alta de 2,75 por cento, atingindo o patamar normal de 24 reais e 25 centavos.
Negócio de risco
Não foi a primeira vez que ocorreu esse movimento. A 6 de abril de 2018, o governador José Ivo Sartori desistiu da venda de ações do Banrisul. Era uma das contrapartidas para que o Estado pudesse assinar o Regime de Recuperação Fiscal. A negociação com a queda no valor poderia levar a um processo de improbidade administrativa.
Não dá para sonhar
O recuo se deu por “condições desfavoráveis de mercado”, conforme anunciou o governo, acrescentando: “A liquidez das ações ordinárias segue baixa e não está alcançando o preço desejado pelo Estado.” A ação cairia para 18 reais.
Onde está o dinheiro?
As reuniões se sucederam durante toda a tarde de ontem e entraram pela noite na Secretaria da Fazenda, que precisa articular uma saída para a impossibilidade de ingresso de 2 bilhões e 200 milhões de reais com venda de ações do Banrisul.
Nova frente na Assembleia
No final da tarde, sete partidos, unindo PT, PSL, PSol e Novo lançaram manifesto contra a venda do Banrisul. São ao todo 26 deputados. Se o governo tentar a negociação, antes deverá derrubar o plebiscito que vincula a decisão à vontade da população. Nesse sentido, é sintomático que o deputado Sérgio Turra, do PP, tenha ingressado com projeto, recentemente, eliminando a consulta à população. Precisará de 33 votos para aprovação. Por enquanto, tem 29.
Onyx presta contas
O ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, fez palestra sobre o panorama nacional, na Associação Comercial de Porto Alegre, ontem pela manhã.
Principais itens ressaltados:
– 1) “Não haverá novo imposto no país. É uma decisão do governo, por achar que o bolso dos contribuintes não suporta outro peso.”
Mais imposto significaria aumento de preços e volta da inflação. Conjugação desastrosa, que outros governos praticaram e que o atual não quer repetir. O setor público terá de apertar os orçamentos e segurar despesas. Na sequência, virão protestos, porque os gastos sem limites fazem parte de uma cultura praticada durante décadas.
– 2) “O presidente Jair Bolsonaro amadureceu nos oito meses e meio no poder.”
Fica subentendido, por exemplo, que deixou de governar apenas pelo twitter.
– 3) “A propina no governo federal acabou.”
Resta ainda medir, na totalidade, o prejuízo que a prática criminosa provocou ao País por muitos anos.
– 4) “O combate à burocracia não vai parar. Simplificar é o caminho da prosperidade. Queremos tirar o governo do cangote da população. O resultado será menos no cofre do governo, mais no bolso do cidadão. É preciso que o governo sirva às pessoas e não apenas as pessoas sirvam ao governo.”
Os 60 mil atos normativos que o governo federal encontrou estão passando por um filtro. É um passo decisivo. A isso se junta a Medida Provisória da Liberdade Econômica.
Espaços para respirar
Ao final da palestra, o ministro Onyx se referiu a um problema de Porto Alegre, mostrando-se favorável à transferência dos terminais de ônibus, que se estendem por ruas e avenidas, para a Estação Rodoviária. “Imaginaram como seria, por exemplo, a Praça Parobé entregue à população? Idem a Avenida Salgado Filho?”
Para a nova Estação Rodoviária, a Prefeitura escolheria um local, com apoio do Estado e do governo federal.
Primeira lição
Marqueteiros começam a ser consultados para a campanha eleitoral de 2020. No primeiro encontro com candidatos, repetirão: não mostrem o que cada um tem de pior.