Terça-feira, 14 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 4 de janeiro de 2022
A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e a fabricante brasileira de aviões Embraer farão um estudo detalhado sobre a possibilidade de o 5G, a quinta geração de telefonia móvel, interferir nos sistemas de navegação de aviões no país.
Essa suspeita está dando dor de cabeça nos reguladores, empresas de telefonia e companhias aéreas em todo o mundo. O risco, segundo especialistas, está em uma eventual interferência do sinal do 5G nos sistemas de aproximação de aeronaves de aeroportos, o que poderia reduzir a segurança das operações, particularmente aterrissagens guiadas por aparelhos.
A preocupação está nos altímetros que operam por rádio nas aeronaves e que usam frequências próximas ao 5G. Trata-se dos equipamentos que calculam a distância exata do avião em relação ao solo, usados especialmente em operações de pouso por instrumentos, quando o piloto não tem visibilidade total da pista, para evitar acidentes e colisões. Frequências são como avenidas por onde transitam dados.
O sinal amarelo foi aceso nos EUA, com dúvidas levantadas por companhias aéreas e fabricantes de aviões. Mas, como há diferenças entre os países, é necessário fazer testes de acordo com as realidades locais. Após embate com companhias aéreas, as operadoras de telefonia aceitaram postergar em duas semanas a implantação de nova faixa do 5G nos EUA.
A Embraer vai disponibilizar aviões e pistas de pouso para os testes supervisionados pelos técnicos da Anatel, que serão feitos ao longo deste ano. Ainda não há data definida para o início das avaliações. Fontes dizem que devem começar “nas próximas semanas”, mas a Anatel não deu nem previsão sobre quando os primeiros resultados poderão ser conhecidos, pois estes dependem da evolução dos dados coletados.
Frequências próximas
Os estudos conduzidos pelo órgão regulador do setor de telecomunicações brasileiro, porém, não devem interferir no cronograma de implementação das redes móveis de 5G no país, cuja operação está prevista para começar até o fim do primeiro semestre de 2022 em todas as capitais.
Isso por conta das características das faixas de radiofrequência escolhidas para o 5G no país, que foram leiloadas pelo governo em novembro do ano passado, avaliam técnicos envolvidos no assunto.
A suspeita de interferência do 5G nos altímetros ocorreria na faixa de 3,5 GHz, considerada a principal para a operação comercial da nova tecnologia, que promete internet móvel muito mais veloz que a do atual 4G. Tecnicamente, essa faixa é chamada de Banda C.
Nos EUA, a suposta interferência teria maior chance de acontecer por causa da largura da faixa adotada para a Banda C do 5G naquele país, que vai até 3,98 GHz. Isso é bastante próximo da frequência dos altímetros, que operam entre 4,2 GHz e 4,4 GHz.
No Brasil, as operadoras estão licenciadas a operar apenas até a faixa de 3,7 GHz. Ou seja, haveria uma faixa de segurança maior, o que reduziria os riscos de interferência nas aeronaves.
“Esse maior distanciamento em frequência no Brasil, chamado de banda de guarda, acarreta melhores condições para a convivência e menor risco de interferências no território brasileiro”, disse Moisés Moreira, conselheiro da Anatel e presidente do Grupo de Acompanhamento da Implantação das Soluções para os Problemas de Interferência.
Nos EUA, diante das preocupações apresentadas por Boeing e Airbus, as duas maiores fabricantes de aviões do mundo, aéreas e órgãos reguladores como a agência de aviação civil americana, a FAA, a operação do 5G em áreas próximas a aeroportos será atrasada em até seis meses para mais estudos. As informações são do jornal O Globo.