Sábado, 27 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 16 de julho de 2015
O advogado que representa o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, Roberto Podval, protocolou uma petição na Justiça Federal do Paraná para evitar, novamente, a possível prisão preventiva de seu cliente na Operação Lava-Jato. Segundo Podval, a intenção é que o documento seja analisado pelo juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava-Jato na primeira instância do Judiciário.
Ele alegou que, aos 70 anos, Dirceu é rotulado indelevelmente de inimigo público e que não aguenta mais a situação à qual é submetido diariamente. O ex-ministro está em prisão domiciliar por condenação no mensalão do PT.
“A aflição do peticionário e também de seus defensores a respeito de uma possível ordem de prisão contra si já é fato público e notório. Não apenas pipocam diariamente na imprensa notícias sobre o seu iminente encarceramento, mas, também, todos os dias surgem novos depoimentos que, ainda segundo a mídia, complicariam a situação do peticionário”, disse o advogado na petição.
Durante um depoimento prestado à Justiça Federal do Paraná, o executivo da Toyo Setal e delator da Lava-Jato Júlio Camargo disse que entregou 4 milhões de reais para José Dirceu a pedido de Renato Duque, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras.
A Toyo Setal é uma das fornecedoras da estatal e é investigada por pagar propina para executivos da empresa em troca de contratos.
Podval negou as acusações e disse estranhar que Camargo não tenha tocado no assunto em depoimentos anteriores. O advogado Renato de Moraes, que defende Duque, também negou a acusação. “Renato Duque, além de negar ter mandado entregar recursos a quem quer que seja, estranha o fato de o delator Camargo só declarar tal mentiroso episódio depois de vários depoimentos prestados à Força Tarefa e à Procuradoria-Geral da República. Retrato de delações realizadas a conta-gotas e ao gosto da acusação”, disse o advogado.
No final da petição protocolada na Justiça Federal do Paraná, o advogado Podval disse ainda que Dirceu não pretende fugir. “José Dirceu não vai fugir. Como se vê, ironicamente, seu local é tão certo e sabido, que até a imprensa aguarda a chegada da Polícia Federal em sua porta.”
Terceira tentativa
Esta é a terceira tentativa de tentar livrar o ex-ministro de uma possível prisão na Lava-Jato. No dia 2 deste mês, foi impetrado um pedido de habeas corpus preventivo, com a alegação de que Dirceu tem colaborado com as investigações sobre o escândalo e quer evitar um constrangimento ilegal com a sua possível prisão. O pedido foi negado.
Depois, no dia 9 deste mês, os advogados entraram com agravo regimental pedindo que a Justiça revisasse a decisão liminar que negou o habeas corpus preventivo. Até essa quarta-feira, o pedido não tinha sido julgado. (AG)