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Notícias Documentário mostra tensão entre comando do Exército e o governo para prender acampados em Brasília no 8 de janeiro

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Bastidores da gravação do documentário sobre o 8 de janeiro. (Foto: Reprodução)

Uma das principais contraofensivas feitas pelas autoridades no 8 de Janeiro, já depois da contenção da horda na Praça dos Três Poderes, também envolveu um clima de tensão entre representantes do Planalto e o então comandante do Exército, Júlio César de Arruda. O oficial se negava a autorizar a prisão de golpistas acampados no Quartel-General da Força em Brasília, de onde partiu a marcha para atacar os prédios dos três Poderes. A detenção dos manifestantes estava sendo negociada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, e por Ricardo Cappelli, naquele momento já nomeado por Lula interventor na Segurança do Distrito Federal.

“O general Arruda me recebeu (naquela noite) e perguntou: ‘O senhor vai entrar aqui com homens armados sem a minha autorização?’ Aí, ele vira para o coronel Fábio Augusto (ex-comandante da PM do DF) e fala: ‘Eu tenho um pouquinho mais de homens armados que o senhor, né, coronel?’. Comecei a argumentar sobre desmontar o acampamento e prender todos e perguntei se o general concordava. Ele só respondeu: ‘Não’”, conta Cappelli.

A cena é um dos momentos revelados no documentário “8/1 — A democracia resiste”, da GloboNews, que estreou nesse domingo. Com roteiro e direção dos jornalistas Julia Duailibi e Rafael Norton, a produção foi feita a partir de pesquisas em material bruto de mais de 500 horas de gravação e tem imagens inéditas da Esplanada dos Ministérios, do Ministério da Justiça e de Araraquara (SP), de onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva coordenou a reação do governo aos ataques golpistas.

Foi do gabinete de Edinho Silva, prefeito da cidade do interior paulista — para onde o presidente viajara a fim de verificar estragos causados por chuvas intensas —, que a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, se colocou radicalmente contra um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que daria aos militares o controle da situação. Lula, então, decidiu-se, com seus auxiliares, pela intervenção no DF.

Alertas

O documentário mostra que, enquanto acionava os chefes dos Poderes e ministros de Estado, o presidente recebia alertas de uma possível “chacina” na capital federal.

“À noite, o general Gustavo Henrique Dutra (então chefe do Comando Militar do Planalto) me falou: ‘Eu estou preocupado porque pode ter uma chacina aqui. É muita gente nos acampamentos. É tarde da noite’”, conta Lula.

A retirada dos acampados no QG do Exército só ocorreu na manhã do dia seguinte, após acordo alinhavado entre ministros de Estado e a cúpula militar. Todos foram levados à prisão.

Cobrança ao GSI

Em um trecho do documentário, Lula lembra que confrontou o então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, sobre que medidas estavam sendo tomadas para conter os vândalos, que àquela altura já avançavam pelos prédios do Congresso, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal (STF). Imagens inéditas mostram o diálogo entre Lula e GDias — o presidente compartilhou o seu temor.

“Liguei para o Gonçalves (Dias) para perguntar, e ele me falou que nada estava acontecendo, que estava tudo sob controle. Eu falei para o Gonçalves: ‘Não está sob controle. As pessoas invadiram o palácio. Não tem ninguém lá para dizer não. Não tem ninguém lá para fechar uma porta’”, — conta Lula.

A falta de efetivo foi um problema desde o início dos atos golpistas. Havia poucos PMs nas ruas, o que facilitou os furos aos bloqueios logo no começo da tarde. Restou à Polícia Legislativa assumir a contenção de milhares de vândalos. No documentário, o diretor do Departamento de Polícia Legislativa da Câmara, Paul Pierre Deeter, revela que recebeu pedido expresso de Arthur Lira, presidente da Casa, para proteger o plenário a todo custo.

Para dispersar os invasores, o efetivo lançou mão de bombas de gás até acabar seus estoques. Expulsos do prédio, os golpistas seguiram para o Senado, onde conseguiram entrar no plenário e até ocupar a cadeira do presidente.

“Quando o Arthur Lira me ligou, ele pediu: ‘Paul, faça de tudo para que eles não invadam o plenário Ulysses Guimarães’. No auge da situação, eu tinha 90 homens. Eles estavam com medo, havia colegas nossos chorando”, lembra Deeter.

Além de Lula, Dino, Cappelli, Lira e Deeter, a equipe ouviu os ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais), José Múcio Monteiro (Defesa) e Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social). O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes também participou do documentário.

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